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Irã lança mais de 180 mísseis contra Israel, que promete retaliação
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Irã lança mais de 180 mísseis contra Israel, que promete retaliação

| Oriente Médio | Ataque eleva risco de conflito de grandes proporções na região. Netanyahu diz que Irã cometeu "grave erro" e "pagará" preço por ofensiva
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MAIORIA dos mísseis iranianos foram interceptados por sistema antiaéreo de Israel (Foto: Jack GUEZ / AFP)
Foto: Jack GUEZ / AFP MAIORIA dos mísseis iranianos foram interceptados por sistema antiaéreo de Israel

O Irã disparou nesta terça-feira, 1º, cerca de 180 mísseis balísticos contra Israel, em uma perigosa escalada que ameaça levar os dois países a uma guerra direta. Sirenes de alerta soaram em várias regiões do país e moradores correram para abrigos.

Israel já estava em estado de alerta. Os sistemas de defesa antiaéreos foram acionados e interceptaram a maioria dos disparos - alguns caíram em áreas abertas no centro e no sul de Israel. Uma escola na cidade de Gedera foi destruída. Um palestino morreu em Jericó, vítima de estilhaços de foguete.

No momento do ataque iraniano, dois palestinos realizaram um atentado em Tel-Aviv, matando oito e ferindo 12 pessoas com tiros e facadas. Os dois foram identificados como Mehmed Rajab e Hasan Tamimi, de Hebron, na Cisjordânia. Eles começaram a chacina em uma estação do metrô, e seguiram matando quem passava pelo Boulevard Jerusalém, a principal avenida de Jaffa, no sul da cidade.

Um carregava um fuzil. O outro, uma faca. Eles foram abatidos por um guarda municipal e civis armados. O atentado não tem relação direta com os ataques iranianos de ontem, mas foi um dos mais letais em Israel nos últimos anos. O ministro das Finanças, o extremista Bezalel Smotrich, defendeu que as famílias dos dois terroristas fossem "exiladas em Gaza" e suas casas, destruídas.

Resposta

Enquanto a polícia de Tel-Aviv investigava o caso, os céus da cidade eram iluminados por explosões de mísseis sendo interceptados em voo. O governo iraniano afirmou que o ataque era uma resposta às mortes de líderes do Hezbollah, do Hamas e de um comandante da Força Quds, todos em operações de Israel.

A ordem foi dada pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, e os mísseis teriam sido disparados pela Guarda Revolucionária, força de elite do Irã. O presidente do país, Masoud Pezeshkian, teria sido informado no último instante. Após o ataque, Pezeshkian afirmou que ele representa apenas uma parte da capacidade ofensiva do país - e fez um aviso. "Não entrem em confronto com o Irã."

Em comunicado, a Guarda Revolucionária fez uma advertência para que Israel não responda à ação, caso contrário haverá "mais ataques esmagadores e destrutivos". O texto cita os assassinatos de Ismail Haniyeh, chefe político do Hamas, morto em Teerã, em julho, Hasan Nasrallah, líder do Hezbollah, e de Abbas Nilforoushan, comandante da Força Quds, ambos em um bombardeio israelense em Beirute, na semana passada.

O porta-voz das Forças Armadas de Israel, Daniel Hagari, afirmou que o ataque "terá consequências". "Agiremos na hora e no local que escolhermos", disse.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que os iranianos "cometeram um erro grave". "O regime do Irã não entende nossa determinação de nos defender e de retaliar nossos inimigos."

O ex-premiê Naftali Bennett, hoje na oposição, apontado como principal alternativa a Netanyahu em caso de um nova eleição, defendeu um ataque que destrua a capacidade nuclear do Irã. "Israel tem a maior oportunidade em 50 anos para mudar o Oriente Médio", disse. "Temos de destruir o programa nuclear do Irã."

As reações internacionais foram imediatas. O premiê britânico, Keir Starmer, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, condenaram o Irã. O presidente dos EUA, Joe Biden, reiterou seu apoio a Israel e disse que o ataque havia sido "frustrado e ineficaz".

Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, revelou que navios destroyers americanos ajudaram a abater os mísseis iranianos. Segundo ele, houve um "planejamento conjunto e meticuloso em antecipação ao ataque". O Pentágono havia soado o alarme durante o dia e coordenado a defesa de Israel.

Segundo militares americanos, o ataque de ontem teve "o dobro do alcance" do registrado em abril, quando os iranianos lançaram mais de 300 mísseis e drones contra Israel em uma noite de sábado. Os equipamentos disparados ontem, no entanto, eram mais poderosos, segundo o Pentágono.

Líbano, Jordânia e Iraque fecharam ontem brevemente seus espaços aéreos em razão dos disparos de mísseis. O Irã suspendeu os voos no aeroporto de Teerã. Os preços do petróleo fecharam em alta. O tipo WTI, principal referência nos EUA, subiu 2,44%, fechando a US$ 69,83 o barril. O Brent aumentou 2,59%, fechando a US$ 73,56 o barril.

Líbano

Os disparos do Irã foram feitos menos de 24 horas depois de Israel ordenar uma invasão terrestre do Líbano para enfraquecer a estrutura militar do Hezbollah, milícia xiita libanesa apoiada pelo Irã. Desde os ataques do Hamas, em 7 de outubro, o grupo vem fustigando vilas e cidades do norte israelense com foguetes, provocando a fuga de milhares de moradores para o sul do país.

Os bombardeios israelenses continuaram ontem no sul do Líbano e em Beirute - 55 pessoas morreram. O Exército de Israel disse ter destruído 100 alvos do Hezbollah, a maioria locais de lançamento de foguetes e depósitos de armas. A ofensiva também prosseguiu em Gaza e na Cisjordânia. Autoridades palestinas registraram 21 mortos em ataques aéreos israelenses.

Para EUA, Irã tem que assumir 'consequências' por ataque a Israel

Os Estados Unidos advertiram, nesta terça-feira, 1º, que o ataque com mísseis contra Israel terá "consequências", sobre as quais começou a conversar com o país aliado.

“Os Estados Unidos apoiam totalmente Israel", ressaltou o presidente Joe Biden, acrescentando que há conversas em andamento sobre uma resposta. Ele considerou o ataque do Irã “ineficaz”, e ressaltou que a agressão foi interrompida pelas forças israelenses, com o apoio americano.

“É totalmente inaceitável, e o mundo tem que condená-lo", disse o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.O Irã disparou ontem o dobro de mísseis do ataque anterior, em abril, anunciou o Departamento de Defesa americano. Segundo Blinken, foram disparados cerca de 200 mísseis balísticos.

O ataque iraniano ocorreu um dia após Israel anunciar operações militares terrestres contra o Hezbollah, aliado do Irã, no sul do Líbano, uma semana depois de intensos bombardeios contra o movimento islamita libanês, que deixaram centenas de mortos em todo o país.

Os Estados Unidos afirmam não terem registro de “mortos em Israel”, e tentam colher informações sobre a morte de um civil palestino na Cisjordânia ocupada. “É uma escalada significativa”, observou o assessor de segurança nacional, Jake Sullivan.

Segundo a Casa Branca, Biden havia dado uma ordem ao Exército para "ajudar Israel a se defender” e “derrubar os mísseis" que miram naquele país.

"Certamente deve haver consequências para o Irã por esse ataque", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller. "Não vou entrar em quais são estas consequências hoje, mas há coisas que vamos coordenar com nossos colegas israelenses". Miller ressaltou que o Irã não informou os Estados Unidos sobre o ataque, mas que soube que mísseis balísticos seriam lançados contra Israel.

A escalada de violência também ganhou a campanha eleitoral americana. Enquanto Kamala Harris, candidata democrata, apoiou Israel e chamou o Irã de "força desestabilizadora", o republicano Donald Trump criticou a Casa Branca. "O mundo está fora de controle. Temos um presidente omisso e uma vice ausente", disse. "Quando eu era presidente, o Irã estava completamente sob controle."

 

 

 

 

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