Rússia e Ucrânia concordaram, nesta sexta-feira, 16, com uma importante troca de prisioneiros. O encontro terminou sem um cessar-fogo nas primeiras negociações diretas em três anos. Representantes afirmaram que conversarão sobre a possibilidade de dos presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodimir Zelensky se encontrarem.
Enquanto o negociador-chefe russo, Vladimir Medinsky, se disse "satisfeito" e disposto "a continuar com os contatos" com a Ucrânia, a parte ucraniana acusou Moscou de ter apresentado reivindicações territoriais "inaceitáveis".
Os aguardados diálogos em Istambul, que tiveram duração de pouco mais de uma hora e 30 minutos, deixaram poucos indícios de avanços importantes para pôr fim à guerra.
Kiev buscava um "cessar-fogo incondicional" para encerrar um conflito que já destruiu grande parte da Ucrânia e deixou milhões de deslocados.
Moscou rejeitou sistematicamente estes pedidos, e o único acordo concreto parece ser uma troca de 1.000 prisioneiros de cada lado.
Os diálogos no Palácio Dolmabahçe de Istambul ocorreram na ausência de Zelensky e Putin, que ordenou que seu exército invadisse a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
A delegação ucraniana foi chefiada pelo ministro da Defesa, Rumstev Umerov, e a russa por Vladimir Medinsky, um assessor de segundo escalão. As duas equipes foram acompanhadas por mediadores turcos.
Ambas as partes devem agora "apresentar" e "detalhar" a "visão" que têm desta trégua, afirmou o negociador russo.
"Nos próximos dias haverá uma troca de prisioneiros em larga escala, 1.000 por 1.000", disse Medinsky. O chefe da delegação ucraniana confirmou a informação.
Umerov e Medinsky também especificaram que a parte ucraniana havia mencionado um eventual encontro entre Zelensky e Putin - que seria o primeiro desde o início da invasão russa -, mas o negociador russo disse que Moscou havia simplesmente "tomado nota dessa solicitação".
Este deve ser "o próximo passo", insistiu o negociador ucraniano aos jornalistas.
Entre as reivindicações de Moscou, inclui-se a retirada das forças de Kiev de "amplas partes do território ucraniano" como condição prévia à instauração de um cessar-fogo, disse uma fonte.
Contudo, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Gueorgii Tykhy, disse à imprensa que a delegação de Kiev manteve a "calma" durante as negociações.
Segundo Medinsky, Moscou queria falar sobre as "causas profundas" do conflito e que este encontro fosse "a continuação" dos diálogos de 2022, que terminaram em fracasso. (AFP)