Em mais um dia de conflito, Israel e Irã subiram o tom dos discursos e fizeram "promessas" que afastam a possibilidade imediata de uma resolução entre os países. Ontem, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, fez ameaças ao líder supremo do Irã e às autoridades militares iranianas.
Ele afirmou que assassinar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, "acabaria com o conflito" entre os dois inimigos históricos."Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito", disse Netanyahu em entrevista à ABC News, ao ser questionado sobre informações que afirmam que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vetou um plano israelense para matar o líder supremo por temer que isso intensificasse o confronto entre Irã e Israel. Ele também afirmou que Israel vai matar os líderes militares do Irã "um a um".
"A 'guerra eterna' é o que o Irã quer, e eles estão nos levando à beira de uma guerra nuclear", afirmou Netanyahu. O premier participou de uma entrevista coletiva transmitida pela TV, horas após um bombardeio contra a sede da TV estatal iraniana em Teerã.
Câmeras registraram o momento em que uma apresentadora deixou rapidamente o estúdio, enquanto parte do teto se soltava e uma poeira densa se espalhava, segundo vídeos divulgados por veículos iranianos. A emissora interrompeu sua programação ao vivo, que foi retomada minutos depois. Teerã chamou o ataque de "crime de guerra".
A Guarda Revolucionária, exército ideológico da República do Irã, anunciou na noite de segunda para terça-feira, 17, ataques contra Israel "sem interrupção até o amanhecer". "A nona série de ataques combinados de drones e mísseis começou e continuará sem interrupção até o amanhecer", declarou o porta-voz da Guarda, general Ali Mohammad Naini, citado pela agência oficial de notícias Irna.
O conflito começou na última sexta-feira, quando o Exército de Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irã com a justificativa de evitar que o país adquirisse armas nucleares. Após décadas de uma guerra indireta e de operações pontuais, esta é a primeira vez que os dois países se enfrentam militarmente de forma intensa.
O Exército israelense detectou ontem mísseis lançados do Irã em direção ao norte do país, e pediu que os moradores buscassem refúgio. Horas antes, a república islâmica atacou várias cidades de Israel, onde morreram pelo menos 11 pessoas, segundo os serviços de emergência.
Imagens de Tel Aviv registradas pela AFPTV mostram prédios destruídos, nos quais os bombeiros procuravam possíveis sobreviventes. Os projéteis também atingiram Petah-Tikva, Bnei-Brak, perto de Tel Aviv, e Haifa, no norte do país.
Os ataques de Israel deixaram pelo menos 224 mortos desde sexta-feira e mais de mil feridos no Irã, informou no domingo o Ministério da Saúde. No lado israelense, o balanço de vítimas subiu para 24 mortos desde sexta-feira, informou o gabinete do primeiro-ministro.
Na noite de ontem, o Irã pediu que dois canais de TV israelenses fossem evacuados: N12 e N14.
Em Teerã, o Grande Bazar, maior mercado da capital, permaneceu fechado hoje. As ruas também ficaram desertas, enquanto longas filas de veículos tentavam deixar a cidade.
Paralelamente a uma reunião de cúpula do G7 no Canadá, o presidente americano, Donald Trump, voltou a pedir ao Irã para dialogar, "antes que seja tarde demais".
O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, ressaltou que Washington poderia interromper os ataques de Israel com "um telefonema", e que isso "abriria o caminho para o retorno à diplomacia".
Apesar de acenos a Israel, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que forçar uma mudança de regime no Irã seria um "erro estratégico". Ele participa da cúpula do G7.
"Todos aqueles que acreditam que bombardeando de fora se pode salvar um país apesar de si mesmo sempre se enganaram", declarou o dirigente francês. (AFP)
Gestores brasileiros conseguem chegar à Jordânia
Parte dos gestores municipais brasileiros que ficaram retidos em Tel Aviv após o início dos conflitos entre Israel e Irã, na última quinta-feira, 12, conseguiu cruzar a fronteira com a Jordânia em segurança, nesta segunda-feira, 16.
"Graças a Deus, deu tudo certo na viagem […] e já estamos aqui, na Jordânia, fazendo os procedimentos de visto", informou, em uma mensagem de vídeo, o tesoureiro da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Nélio Aguiar, pouco após chegar à Jordânia, de ônibus.
Aguiar integra o grupo de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e secretários municipais que viajaram a Israel com a justificativa de participar de uma feira de tecnologia e segurança.
Fazem parte do primeiro grupo que conseguiu deixar Israel também o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), o prefeito de Macaé (RJ), Welberth Porto (Cidadania), o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), além de outros gestões municipais.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores de Israel garantiu que fará "todos os esforços, em coordenação com a Embaixada do Brasil, para garantir uma saída segura para os demais brasileiros de todas as delegações, sempre que houver as condições adequadas para o deslocamento".
Lucena, contou que, ao chegar à Jordânia, o grupo foi acolhido por funcionários da embaixada do Brasil. "Agora, vamos seguir para a Arábia Saudita, já que, lá, o espaço aéreo está aberto. Continuamos com bastante segurança e tranquilidade", comentou Lucena. (AB)