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Hamas e Israel libertam prisioneiros e fim da guerra em Gaza é anunciado
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Hamas e Israel libertam prisioneiros e fim da guerra em Gaza é anunciado

O grupo palestino libertou os últimos 20 reféns vivos e o governo israelense soltou quase dois mil prisioneiros. Donald Trump viajou à região e comemorou que a paz tenha sido alcançada
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PALESTINO libertado de prisões israelenses sob um cessar-fogo em Gaza e um acordo de troca de reféns com facções palestinas é recebido por parentes ao chegar ao hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 13 de outubro de 2025 (Foto: OMAR AL-QATTAA / AFP)
Foto: OMAR AL-QATTAA / AFP PALESTINO libertado de prisões israelenses sob um cessar-fogo em Gaza e um acordo de troca de reféns com facções palestinas é recebido por parentes ao chegar ao hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 13 de outubro de 2025

Foram libertados nessa segunda-feira, 13, os últimos 20 israelenses vivos que permaneciam em cativeiro na Faixa de Gaza, mantidos reféns pelo movimento islamista palestino Hamas. Em resposta, também foram libertados quase dois mil detentos, a maioria palestinos. Os dois movimentos são parte do acordo de cessar-fogo em Gaza.

As autoridades israelenses anunciaram o retorno de um primeiro grupo de sete reféns antes das 10 horas locais (4 horas em Brasília). Os sequestrados foram entregues à Cruz Vermelha, que os transportou até o Exército israelense.

O segundo grupo de 13 reféns foi libertado pouco depois e o Exército confirmou que foram entregues pela Cruz Vermelha.

"Esperamos 738 dias para dizer isso: bem-vindos à casa", escreveu na rede social X o Ministério das Relações Exteriores de Israel, no quarto dia de cessar-fogo.

Os 20 libertados foram sequestrados por milicianos islamistas no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que desencadeou a guerra em Gaza.

Após o anúncio da libertação, milhares de pessoas reunidas em uma praça de Tel Aviv, rebatizada como Praça dos Reféns, explodiram em gritos, abraços e lágrimas de emoção.

"É um dia lindo, que aguardávamos há dois anos, apesar da tristeza por aqueles que não voltam e pelos quase dois mil mortos da guerra", disse Ronny Edry, um professor de 54 anos.

Horas depois, o serviço prisional israelense informou a libertação de "1.968 terroristas foram transferidos de várias prisões do país para as prisões de Ofer e Ktziot".

"Após a conclusão das atividades necessárias nas prisões e a aprovação das autoridades políticas, todos os terroristas foram libertados da prisão de Ofer para (a Cisjordânia) e Jerusalém Oriental, e da prisão de Ktziot para Kerem Shalom", acrescentou, referindo-se a uma das travessias para a Faixa de Gaza.

Os corpos de quatro reféns mortos durante o cativeiro em Gaza também foram entregues nessa segunda. O Hamas ainda mantém em Gaza os restos de outros 24 reféns, que aceitou entregar a Israel no âmbito do acordo de cessar-fogo negociado sob a mediação dos Estados Unidos e que entrou em vigor na sexta-feira.

"O Hamas deve respeitar o acordo e tomar as medidas necessárias para devolver todos os reféns mortos", indicou o Exército. No dia anterior, as autoridades israelenses disseram que antecipam que nem todos os reféns mortos serão devolvidos na segunda-feira, caso em que um "organismo internacional" previsto no plano dos Estados Unidos ajudaria a localizá-los, segundo a mesma fonte.

As libertações ocorreram horas antes da Cúpula sobre Gaza, realizada na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, com a presença do presidente americano Donald Trump, que primeiro visitou Israel, e outros líderes mundiais.

A primeira fase do acordo de trégua entre Israel e Hamas, que entrou em vigor na sexta-feira, 10, contempla a troca dos últimos reféns israelenses em Gaza — 20 vivos e 28 mortos — por quase dois mil palestinos detidos em prisões israelenses.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recebeu na segunda-feira na pista do aeroporto de Tel Aviv o presidente dos Estados Unidos, idealizador de um plano em 20 pontos que possibilitou o cessar-fogo e a libertação dos reféns.

Trump foi ovacionado pelos deputados israelenses antes do discurso na Kneset, o Parlamento do País, durante a breve visita a Israel. Os aplausos duraram vários minutos no Parlamento, onde Trump estava acompanhado por seu enviado especial Steve Witkoff, seu genro Jared Kushner e sua filha Ivanka.

Depois de Israel, Trump viajou a Sharm el-Sheikh para presidir, ao lado do homólogo egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, a cúpula sobre Gaza.

A governança da Faixa de Gaza, devastada por dois anos de guerra, será um dos desafios. Os países mediadores do acordo de cessar-fogo em Gaza assinaram um documento para garantir a execução.

Após a retirada progressiva do Exército israelense, que controla 53% da Faixa, o plano americano prevê uma fase posterior na qual o Hamas será excluído da administração de Gaza, território que o movimento governa desde 2007. O acordo também contempla a destruição do arsenal do grupo islamista.

O plano determina que o governo será confiado a "um comitê palestino tecnocrático e apolítico, sob a supervisão e controle de um novo organismo internacional de transição" dirigido por Trump.

Preços reduzidos

Em Gaza, milhares de palestinos deslocados iniciaram sua jornada de volta para casa nos últimos dias, em meio a uma paisagem de ruínas.

Alguns caminhões com ajuda humanitária entraram no território, mas moradores de Khan Yunis, no sul, denunciaram saques por pessoas famintas.

Em Gaza, muitos palestinos seguiram para os mercados, onde os preços dos produtos básicos caíram após a promessa israelense de um alívio ao bloqueio do território.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas em outubro de 2023, que matou 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo contagem baseada em números oficiais israelenses.

A ofensiva israelense lançada em resposta matou pelo menos 67.806 pessoas, segundo os números do Ministério da Saúde do território, que a ONU considera confiáveis. (AFP)

"Temos paz no Oriente Médio", declara Trump na cúpula sobre Gaza no Egito

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, proclamou nessa segunda-feira, 13, a "paz no Oriente Médio" após assinar, junto com os líderes do Egito, Qatar e Turquia, a declaração como garantia do acordo para acabar com a guerra em Gaza.

Trump começou o dia com uma visita a Israel, onde elogiou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em discurso no parlamento antes de voar para o Egito para a cúpula sobre Gaza ao término de um "dia tremendo para o Oriente Médio".

Acabou o "longo e doloroso pesadelo" da guerra em Gaza, afirmou em Israel o presidente americano, autor de um plano de 20 pontos que possibilitou o cessar-fogo entre Israel e o Hamas e a troca de 20 reféns israelenses vivos por quase 2 mil prisioneiros palestinos em prisões israelenses.

Depois, Trump viajou a Sharm el-Sheikh, onde copresidiu com o presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, a cúpula sobre o futuro de Gaza, na qual participam líderes de cerca de 20 países.

Durante entrevista com Sisi ao chegar a Sharm el-Sheikh, Trump destacou o papel de mediador do líder egípcio, que, junto com o Catar e os Estados Unidos, atuaram como intermediários.

"O general desempenhou um papel fundamental porque o Hamas respeita este país e respeita a autoridade do Egito", declarou Trump durante a reunião.

O mandatário egípcio, por sua vez, elogiou o presidente dos Estados Unidos e afirmou que "tinha certeza" de que Trump "era o único" que poderia pôr fim a esta guerra.

Ele acrescentou que seu país organizará uma conferência sobre a reconstrução de Gaza junto com os Estados Unidos e outros parceiros internacionais.

Em discurso no Parlamento israelense, o presidente dos Estados Unidos celebrou o cessar-fogo como um "triunfo incrível" que não representa apenas o fim da guerra entre Israel e o Hamas, mas "o amanhecer histórico de um novo Oriente Médio".

No discurso, Trump também instou os palestinos a "se afastarem para sempre do caminho do terrorismo e da violência".

Nem Netanyahu nem o Hamas participaram da cúpula no Egito, mas o presidente da Autoridade Palestina, que administra parcialmente a Cisjordânia, Mahmoud Abbas, compareceu ao encontro e se reuniu com Trump.

Ônibus transportando palestinos libertados de prisões israelenses sob um cessar-fogo em Gaza e um acordo de troca de reféns com facções palestinas chegam do lado de fora do hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 13 de outubro de 2025
Ônibus transportando palestinos libertados de prisões israelenses sob um cessar-fogo em Gaza e um acordo de troca de reféns com facções palestinas chegam do lado de fora do hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 13 de outubro de 2025

"Como renascer": palestinos reencontram familiares após deixarem prisões israelenses

Os prisioneiros palestinos libertados por Israel, nessa segunda-feira, 13, em virtude do cessar-fogo em Gaza, se sentiram tomados de alegria ao reencontrarem seus entes queridos, em meio a uma multidão que lhes deu as boas-vindas na Cisjordânia.

Alguns fizeram o V da vitória com as mãos, enquanto outros mal conseguiam caminhar sem ajuda. Todos foram recebidos por uma multidão tão numerosa que tiveram dificuldade em descer do ônibus que os trouxe dos presídios israelenses até a cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

Vários ônibus com prisioneiros também chegaram à cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em meio a vivas, informou um jornalista.

"É um sentimento indescritível, é como renascer", declarou, em Ramallah, um dos libertos, Mahdi Ramadan, acompanhado dos pais, com os quais disse que passaria sua primeira noite fora da prisão.

A alguns metros dali, familiares se abraçavam, jovens choravam e apoiavam a testa uns nos outros. Alguns chegaram a desmaiar de emoção por voltar a ver seus entes queridos após anos, em alguns casos décadas, presos.

Em sinal de celebração, a multidão também repetia, em coro, "Allahu akbar" (Deus é o maior, em árabe).

Entre os palestinos que foram soltos estão 250 detidos por motivos de segurança, entre eles condenados por matar israelenses, assim como cerca de 1.700 palestinos detidos pelo exército israelense em Gaza.

Israel concordou em libertá-los em troca da entrega dos reféns que seguem vivos na Faixa de Gaza, no marco da primeira fase do plano do presidente americano, Donald Trump, para pôr fim à guerra.

Para Nur Sufan, de 27 anos, a libertação não significa apenas voltar a ver um familiar. Significa se reunir pela primeira vez fora da prisão com seu pai, Musa, que foi preso meses de ele nascer.

Sufan chegou a Ramallah, no centro da Cisjordânia, com outros familiares. Vieram da cidade de Nablus, mais ao norte, e passaram a noite em seu carro com a esperança de que os prisioneiros fossem libertados na noite anterior. "Nunca vi meu pai (...) É um momento muito bonito", disse Sufan. Assim como ele, muitos vieram de todas as partes da Cisjordânia, apesar das restrições às viagens no território palestino.

Meios de comunicação palestinos reportaram no domingo que as autoridades israelenses tinham entrado em contato com familiares dos presos para pedir que não organizassem comemorações multitudinárias pela libertação.

"Não são permitidas recepções, nem comemorações, nem reuniões", disse Alaa Bani Odeh, que veio de Tammun, no norte da Cisjordânia, para buscar seu filho de 20 anos, preso há quatro.

Vários presos descreveram os mesmos planos para suas primeiras horas fora da prisão: ir para casa e ficar com a família.

Nesta segunda, muitos presos usavam a kufiya, tradicional lenço palestino, enrolado no pescoço, que às vezes usam como símbolo de lealdade aos membros do movimento Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

"Os prisioneiros vivem da esperança (...) Voltar para casa, para nossa terra, vale todo o ouro do mundo", disse um dos presos libertados, Samer al Halabiyeh.

"Se Deus quiser, a paz vai prevalecer e a guerra em Gaza vai terminar", acrescentou. "Agora, só quero viver a minha vida", ressaltou. (AFP)

Pessoas celebram reunidas na Praça dos Reféns em Tel Aviv, na manhã de 13 de outubro de 2025
Pessoas celebram reunidas na Praça dos Reféns em Tel Aviv, na manhã de 13 de outubro de 2025

Júbilo e dor em Israel com a libertação dos reféns

Uma multidão celebrava na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, as libertações dos últimos israelenses que permaneciam como reféns em Gaza há mais de dois anos.

Milhares de pessoas, emocionadas e felizes, irromperam em aplausos ao ouvir a notícia.

Muitos chegaram ao local durante a madrugada, com fotos dos reféns e bandeiras de Israel com um laço amarelo, símbolo do movimento que pedia a libertação dos sequestrados pelo movimento islamista palestino Hamas.

"Esperávamos por este momento, mas há tristeza por aqueles que não voltam e pelos quase dois mil mortos da guerra, dois anos de loucura que terminam", declarou Ronny Edry, um professor de 54 anos.

"Mas é um lindo dia, que aguardávamos há dois anos", afirmou na Praça dos Reféns.

O Hamas e suas milícias aliadas tomaram como reféns 251 pessoas durante o ataque sem precedentes contra o sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

Muitos retornaram a Israel em tréguas anteriores, mas 47 continuavam retidos no território palestino. Apenas 20 vivos.

A libertação definitiva dos reféns gerou uma atmosfera festiva na praça, com manifestantes se abraçando e agitando mãos e bandeiras a cada vez que um dos helicópteros militares que transportavam os libertados para os hospitais sobrevoava o local.

Entre os presentes, uma jovem usava um distintivo com os dizeres "Last day" (Último dia). Desde que os reféns foram sequestrados em 7 de outubro, Noga sempre usava um emblema contando os dias de cativeiro.

"Estou dividida entre a emoção e a tristeza por aqueles que não voltarão", explicou à AFP na Praça dos Reféns.

Emilie Moatti, ex-parlamentar e uma das fundadoras da organização, disse que estava "muito emocionada".

Hanna Gofrit, que se escondeu dos nazistas na Polônia quando criança, relembra aos 90 anos sua própria libertação de um campo alemão aos nove anos: "Não gosto de comparações, mas me chama a atenção."

Nos telões instalados na praça eram exibidas imagens de antigas manifestações organizadas no mesmo local.

A canção Habayta ("De volta para casa", em hebraico) foi ouvida nesta segunda-feira de forma diferente entre a multidão. A música, composta na década de 1980 em referência aos soldados israelenses que lutavam no Líbano, voltou a ganhar destaque após o ataque de 7 de outubro.

O retorno dos reféns é parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo idealizado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em troca, quase dois mil prisioneiros palestinos foram libertados das penitenciárias israelenses.

Balanço de 67.869 mortos na guerra

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo movimento islamista palestino Hamas, anunciou nessa segunda-feira que o balanço de mortos em dois anos de guerra com Israel chega a 67.869.

"O balanço total da agressão israelense desde 7 de outubro de 2023 sobe a 67.869 mártires", informou o ministério, ressaltando que continua recuperando cadáveres das vítimas do conflito.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou o fim da guerra em Gaza após a entrada em vigor, na sexta-feira, do cessar-fogo entre Hamas e Israel, graças a um plano de 20 pontos promovido por ele.

Passos

O Egito organizará uma conferência sobre a reconstrução de Gaza após o acordo de cessar-fogo e a troca de reféns por prisioneiros palestinos, anunciou o presidente Abdel Fattah al-Sisi

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