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Editorial: "Assassinatos de crianças: crueldade desmedida"
Opinião

Editorial: "Assassinatos de crianças: crueldade desmedida"

Já chega a dez o número de crianças assassinadas somente neste primeiro semestre do ano
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O assassinato de duas crianças - Iracione Almeida Cardoso, 8, e Francisco da Silva Cardoso Almeida, 10 - no último domingo, (16/7), na Zona Rural de Viçosa do Ceará, provocou uma enorme revolta na opinião pública, tanto pela perversidade do crime (a facadas) como pela tenra idade das vítimas e o fato de serem irmãos. Com eles, já chega a dez o número de crianças assassinadas somente neste primeiro semestre do ano. Em 2016, foram oito, havendo um incremento de 25%, até agora. As estatísticas são dos CVLIs (Crimes Violentos Letais Intencionais) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).


Tudo isso é mais desolador ainda pelo fato de este último crime ter ocorrido três dias após a data comemorativa dos 27 anos da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - 13/7/1990), um dos documentos mais importantes da sociedade brasileira, em termos de direitos e garantias para um dos segmentos mais necessitados de proteção, no Brasil, e do qual depende o futuro da Nação.


Infelizmente, o Ceará – a exemplo do resto do País – registra um inquietante crescimento do infanticídio. Ainda no começo deste ano (6/3/2017), O POVO produziu uma reportagem intitulada Vidas Breves, que descrevia, de maneira tocante, a “curta vida e trágica morte de oito crianças vítimas de homicídio no Estado”.


As causas sociais que engendraram esse quadro degradante já foram diagnosticadas à exaustão. A disseminação das drogas ilícitas agravou ainda mais a situação. Matar crianças era algo impensável (mesmo entre os criminosos) até não muito tempo atrás. Seus códigos de conduta não o permitiam. Hoje, as balas e as armas brancas não poupam mais meninos e meninas, sejam os que morrem como “aviões” dos traficantes, atingidos na troca de tiros entre facções criminosas (ou destas com a polícia), seja como represália, por seus pais não terem pagado alguma dívida de drogas, seja por caírem nas mãos de maníacos sexuais.


A crueldade gratuita e sem limites passou a ser a marca do mundo do crime, numa sociedade que vai perdendo, cada vez mais, seus referenciais de humanidade. As autoridades públicas e a sociedade não podem ficar inertes ante esse quadro de horror.

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