Ou seja, esse rico material ainda continua indo parar em museus e universidades estrangeiras - e de outros estados brasileiros -, sem contrapartidas para a pesquisa local, nem para os projetos culturais e de desenvolvimento sustentável em favor da população circundante que, por falta de alternativa, tirava seu sustento do comércio ilegal de fósseis, açulado por quem fazia fortunas com esse tráfico.
Para enfrentar essa situação e tornar essa preciosidade do período cretáceo(uma área que totaliza 3.441km²) patrimônio da humanidade, conseguiu-se junto à Rede Global de Geoparques, sob os auspícios da Unesco, para a criação, em 2006, do Geopark Araripe, o primeiro das Américas. Ele é composto de nove geossítios que estão distribuídos em seis municípios da Região do Cariri. Foi um passo muito importante para dar visibilidade a esse precioso patrimônio. Mas a falta de medidas complementares para reforçar as estruturas de pesquisa e dos projetos culturais e sociais faz com que continue o desrespeito ao trabalho dos pesquisadores locais, não só por seus colegas estrangeiros, mas até por instituições de ensino e pesquisa nacionais que seguem praticando atos lesivos ao patrimônio e à pesquisa locais.
Isso é inaceitável, como também é injustificável que não haja maior empenho das autoridades centrais para salvaguardar e dar maior consistência a esse projeto de maior interesse para a ciência e para o País. O POVO continuará fazendo a sua parte, prosseguindo com a reportagem que tem despertado o interesse e o reconhecimento de muitos que se preocupam com o futuro do Ceará e do Brasil.