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Lúcia Helena Galvão: "Somos profissionais ou amadores?"
Opinião

Lúcia Helena Galvão: "Somos profissionais ou amadores?"

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O historiador e romancista norte-americano Steven Pressfield comenta, em seu belíssimo livro “A Guerra da Arte”, sobre a diferença entre um profissional e um amador. Pode parecer curioso, mas o adjetivo “amador” vem mesmo de amor, daquele que ama, mas que o faz de forma passional, egoísta, imatura, temerosa, e que termina por não realizar a sua missão.

Já o profissional é sóbrio, lúcido, possui ritmo, continuidade e senso de compromisso. Não se abate com as derrotas ou com as circunstâncias: atua, contra ou a favor delas; sente que seu trabalho agrega valor ao mundo.


Outra diferença marcante é que o amador trabalha para construir bens e serviços, úteis, sem dúvida, mas não suficientes. O profissional trabalha sobretudo para construção de si mesmo; o resultado principal que ele gera é um ser humano sólido, sóbrio e íntegro, que não explora a natureza, mas colabora com ela, retirando do trabalho o seu sustento, mas também ajudando no sustento do sistema como um todo ao agregar a ele energia por meio da atividade que exerce.


Crer nos homens e trabalhar por eles é uma missão que, com certeza, exige profissionais. “Remunerados” pela ação em si, inexoráveis em seus esforços, não nutrem fantasias ou expectativas insensatas de resultados, que podem ser escassos ou nenhum. Ainda assim, cumprem seu trabalho, fazem o que lhes incumbe, protagonizam e confiam. Fazem o que é humano; o que está além do humano há de estar presente e completar a missão, pois o profissional bate à sua porta, pontual e ciclicamente.


Enfim, profissionalismo é também uma espécie de “profissão de fé” em si mesmo e na humanidade, e nos torna capazes de erguer seres humanos verticais e dignos, talvez a mais necessária de todas as construções. Capacitar-se para fazer diferença em um momento histórico como o nosso exige, certamente, atravessar o difícil umbral entre o amador frágil e hesitante e chegar até o sólido profissional; quem aceita o desafio?

 

Lúcia Helena Galvão

luciahga@hotmail.com

Diretora adjunta da Nova Acrópole no Brasil

 

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