Já velho, em um momento de crise, terminou sendo doutrinado por uma seita neopentecostal – “nação de gente esquisita” que ultimamente tem querido destruir não apenas os cultos e as culturas afro-brasileiras, mas também outras manifestações das culturas populares brasileiras. Louro Branco “converteu-se”, mas não abandonou a sua veia crítica, picaresca, moleque e bem-humorada. De certa feita, o cantador Valdir Teles batia-se com ele em um desafio e começou a criticá-lo porque ele tinha se “rendido ao protestantismo”. Afirmava que ele abandonara o amor das mulheres, querendo ser santo. Louro Branco então respondeu, com esse rápido e desconcertante improviso: “Valdir vive criticando / Porque agora eu sou crente / E tá dizendo às mulheres / Que eu fiquei impotente / Que diabo disse a Valdir / Que Bíblia capava gente?”. Essa sextilha é uma pérola da verve picaresca e do humor sertanejo. Tornou-se célebre e correu sertões recitada pelos amantes do repente e da cantoria.
Louro Branco teve uma vida de muitas lutas pela sobrevivência, mas também de muitas glórias, conquistando centenas de prêmios em festivais. Antes de morrer, cantou: “No dia que eu morrer / Deixo a mulher sem conforto / Roupas em malas guardadas / E o chapéu em torno torto / E a viola com saudades / Dos dedos do dono morto”. A viola saudosa foi vendida numa rifa para comprar remédios, pois Louro Branco morreu pobremente. n
Rosemberg Cariry
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