Autoestima devemos ter, pois é forma de ser grato por estar vivo, ter saúde, que não impecável, amanhecer para cada dia e ter consciência das virtudes e falhas, que nossos semelhantes também as têm, sejam as mesmas ou outras, razão pela qual recalques e complexos não devem existir, pois se se tem gama de defeitos, outros tantos as têm, daí não haver motivo para se apequenar e se sentir diminuído em relação às pessoas com as quais se interage.

Assim, autoestima é ato de se aceitar, não com o sentimento de ser o melhor e mais capaz, muito menos inferior a quem quer que seja. Às vezes a baixa autoestima se revela pela arrogância e prepotência, pois o conceito de si próprio, negativo, leva seu portador a querer humilhar e se sobrepor ao interagente, como forma de superar sentimentos de inferioridade, que muitas vezes só existem na mente do portador da indesejável baixa autoestima.
 

E às vezes é algo profundo que tal pessoa pode chegar aos píncaros do sucesso e mesmo assim não conseguir se apartar do recalque que a aprisiona...
 

Já o excesso de vaidade também não é benfazejo. Seu portador se acha superior àqueles com os quais convive, seja pelo aporte financeiro, por dotes físicos, seja pela origem familiar, seja pela acumulação de conhecimento ou títulos e cargos auferidos. Doce ilusão! Muitas vezes tal autoavaliação é falaciosa, pois nem sequer detentor de tais prerrogativas o é, embora tenha plena convicção de sê-lo. Ainda que o seja, nem por isso a condição humana isenta tal vaidoso das tibiezas de todos nós, personagens de Dante, que de quando em vez nos deparamos a cometer as mais pífias atitudes em quaisquer searas, nivelando-nos, porque humanos, pela “indesejada das gentes”, a morte!
 

A virtude está em espancar a baixa autoestima e arredar o pecado capital da vaidade humana, buscando-se a humildade e respeitando-se a si e a todos!

Emmanuel Furtado
etfurtado@uol.com.br
Desembargador do TRT e professor da UFC