Após ler o livro intitulado "1968", de Roberto Sander, somos provocados a fazer uma reflexão sobre nosso atual momento. Destaco a conscientização e o ímpeto que nós, estudantes e trabalhadores, tínhamos em lutar por um País melhor preservando bens públicos conquistados pelo povo brasileiro. Éramos atentos a protestar contra qualquer arbitrariedade cometida pela então ditadura militar que governava o Brasil.
Fosse como resposta à interdição de um restaurante universitário onde os estudantes se reunissem ou à prisão de um líder dos trabalhadores ligado a algum partido político de esquerda, lá estávamos nós em passeatas, comícios, reuniões e panfletagens para alertar a sociedade sobre o que de fato estava ocorrendo em detrimento dos direitos democráticos. Éramos recebidos com folhas de papel picado como se fossem flores em apoio à função social de vanguarda que exercíamos.
Qualquer declaração de político ou empresário através da imprensa, por mais sutil que fosse, com intenção de negociar a empresa estatal Petrobras, era o suficiente para que o eco da luta denominada "O Petróleo é nosso" levasse multidões às ruas. Essas manifestações eram recebidas pela polícia com cassetetes, bomba de gás, prisões e, muitas vezes, assassinato à bala. Porém, não desistíamos de colocar o dedo na ferida aberta do capitalismo.
Em 2018, estão se desfazendo das estatais brasileiras, vendendo lotes de terras a preço de banana a empresas estrangeiras para exploração de riquezas naturais, cortando verba pública da educação e da saúde e devolvendo o País ao desemprego. Rasgaram os direitos trabalhistas e querem vetar a aposentadoria ao trabalhador. Esses foram os motivos do golpe contra a presidenta Dilma.
Onde estão os estudantes e os trabalhadores que não reagem? Talvez as palavras do governador da Guanabara em dezembro de 1968 nos sirvam de reflexão: "Na preparação fascista se tachava de comunistas todas as ideias que não se conformaram com a falta de ideias reinante. Tenho menos receio dos comunistas dentro da lei do que dos anticomunistas fora da lei." E vejam que o governador Carlos Lacerda ajudou a dar o golpe no governo democrático do presidente João Goulart em 1968.
Saraiva Júnior
saraivajunior.junior@gmail.com
Escritor, historiador e ex-conselheiro de leitores do O POVO