Tenho insistido na necessidade de tratarmos a questão da água com a urgência e a seriedade que o assunto requer. Ao ler o artigo "Os riscos de um novo desabastecimento hídrico", publicado no jornal O Estado de São Paulo (15/08/2018) pelo Gerente de Água da The Nature Conservancy (TNC), entidade ambiental de cujo conselho faço parte, dei-me conta da abrangência do problema.
Em seu alerta sobre os riscos de escassez de água, Samuel Barreto cita que nove estados brasileiros já estão ou ultrapassaram o limiar de déficit hídrico. O habitual é pensar que isto afeta apenas os estados nordestinos, mas até mesmo a região metropolitana de São Paulo, que em 2015 viveu uma grave crise de falta d'água, encontra-se novamente ameaçada.
O mais assustador é que, conforme ressalta o executivo da TNC, quase 40% das águas no Brasil se perdem entre a captação e a distribuição. Por razões como essa, é que a conta hídrica do país não fecha. Só esse desperdício representa um investimento anual da ordem de oito bilhões em saneamento.
Não temos tempo a perder. Precisamos desenvolver uma nova cultura da água, capaz de mobilizar a sociedade, os governos e o setor privado em ações de recuperação de áreas estratégicas para o abastecimento. Nesse sentido, a TNC vem desenvolvendo o programa Coalizão Cidades pela Água, que tem como meta aumentar a segurança de regiões metropolitanas brasileiras.
Este esforço de busca do equilíbrio entre a oferta e a demanda de água por meio, entre outras, de ações de conservação e recuperação de coberturas vegetais, já está em curso nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Espírito Santo e no Distrito Federal. A inclusão de Fortaleza nesse tipo de iniciativa é assunto da maior relevância para a pauta do nosso recém-instituído Parlamento Metropolitano.
É hora de economizar água a fim de evitar que haja um colapso. O sinal amarelo está aceso.
Roberto Macêdo
roberto@pmacedo.com.br
Empresário