Os povos se aproximam dominando a distância e o tempo interpostos entre eles, superando obstáculos, valendo-se dos meios de transporte e comunicação. O uso de tração animal; navegação impulsionada pelos ventos e instrumentos de orientação; a máquina a vapor; ferrovias; motores de combustão interna; aviões; telégrafo; rádio; televisão; internet, integraram o mundo. As grandes navegações transformaram a batata, um tubérculo das Américas, no alimento básico dos europeus. O tabaco, do Novo Mundo, dominou o planeta. Era a globalização em curso, embora, sem este nome.
A imigração forçada pelo tráfico negreiro e o fluxo migratório da Europa para as Américas contribuíram para o multiculturalismo. A dinâmica demográfica modificada envelheceu os países ricos. Novos fluxos migratórios atenderam a necessidade de mão de obra neles. Vencidas as distâncias a diversidade cultural disparou.
David Ricardo (1772 - 1823), com a Teoria das Vantagens Comparativas, demonstrou o resultado positivo de quem troca, (exporta) o que faz com um custo menor pelo que poderia fazer a um custo maior (importando). Estimulou o comércio. Desistimulou a tentativa de criar uma economia autárquica. A vantagem da integração comercial contribuiu para tornar atraente a integração econômica proporcionada pela superação das distâncias. A comunidade do Carvão e do Aço (1951), primeira entidade econômica supranacional europeia do pós-guerra, foi mais um passo da integração das economias europeias. Outros blocos se formaram. A OMC representa outro avanço na mesma direção.
A palavra globalização designou uma nova etapa do processo multissecular de integração econômica. Empresários e economistas ficaram encantados. Podiam reunir recursos naturais, humanos, tecnológicos e financeiros das diferentes partes do mundo, integrando-os à produção de bens pelo menor custo. Algumas correntes ideológicas não gostaram. Centenas de milhões de pessoas saíram da miséria. O acesso aos bens que proporcionam conforto e praticidade foi popularizado. A fome endêmica acabou. Os ideólogos não se sensibilizaram.
Migrações geraram choque cultural, paixão nacionalista. Os conservadores se opõem à globalização. Progressistas inicialmente não gostavam, mas passaram a defendê-la. Tendo vencido a batalha cultural nas universidades, dominaram a burocracia de organismos internacionais como a ONU, por meio dos intelectuais formados sob sua hegemonia ideológica. Passaram a defender a nova globalização: o globalismo. Trata-se de estabelecer normas internacionais acima da soberania dos Estados. Uma sentença do Poder Judiciário do Reino Unido, condenou crianças assassinas e foi reformada pela Corte de Bruxelas. Sem judiciário soberano não há soberania. Regulação ambiental supranacional restringe a soberania dos Estados. A saída do Reino Unido da União Europeia é resposta ao globalismo. A inversão da posição de ativistas é conveniência política, não nacionalismo ou internacionalismo. n