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Capitalismo: a liberdade da miséria e da fome
Opinião

Capitalismo: a liberdade da miséria e da fome

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Ailton Lopes.
Foto: (Fabio Lima/O POVO) (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima Ailton Lopes. Foto: (Fabio Lima/O POVO)

A cada 4 segundos, uma pessoa morre de fome no mundo, mesmo sendo produzido alimento suficiente para todo o planeta, de acordo com a Organização das Nações Unidas.

Enquanto isso, apenas 26 pessoas no mundo (as mais ricas) possuem uma riqueza equivalente ao patrimônio de 3,8 bilhões de pessoas, ou seja, metade da humanidade (os mais pobres), conforme relatório da ONG Oxfam divulgado neste ano.

Os dados da ONG Oxfam divulgados neste ano compõem o relatório que aponta ainda que as fortunas bilionárias aumentaram 12% no ano de 2018, o que corresponde a um aumento de US$ 2,5 bilhões por dia, enquanto as camadas mais pobres viram sua riqueza diminuir 11%.

Ou seja, os ricos ficam ainda mais ricos, enquanto os pobres ficam ainda mais pobres no mundo inteiro. Tanta tecnologia e riqueza produzidas pela humanidade, com avanços cada vez maiores ao longo de séculos, foram incapazes de aplacar a miséria e a fome no mundo. Isto porque tanto riquezas como tecnologias ficaram concentradas nas mãos de poucos.

No capitalismo, a socialização da miséria e a concentração da riqueza é a regra.

O lucro está acima da dignidade humana. E será sempre justificado por ideias como a meritocracia mentirosa para justificar a desigualdade social, muito conhecida em frases do tipo: "Ah, ele também nasceu na pobreza, mas veja, tornou-se um homem de sucesso". O êxito do capitalismo sempre será justificado pela possibilidade da exceção, de você por seu esforço, a despeito de toda a desgraça, conseguir alcançar o êxito.

É o sistema da exceção. Nem mesmo a tal liberdade para competir é garantida a todos, porque nem todos conseguem sequer ter o direito à vida, morrem já na infância, pela miséria e pela fome.

No capitalismo não há compromisso com nenhuma forma de igualdade.

Apenas o compromisso ético-político com a igualdade seria capaz de permitir a distribuição social da riqueza e garantir a igualdade de direitos a todos e todas, independente da origem do indivíduo.

Não serve para a humanidade uma suposta igualdade sem liberdade como a de regimes que, em nome do socialismo, degeneraram para totalitarismos.

Tampouco nos serve uma suposta liberdade sem igualdade de direitos e sem socialização da riqueza. Liberdade sem direitos é a liberdade da miséria.

A luta pelo socialismo não pode ser a luta por um regime de Estado totalitário e concentrador como se tornou o regime stalinista. Isso o capitalismo já promove, de outro modo, a serviço dos grandes capitalistas. 

 

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