A correlação entre Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos bairros de Fortaleza e o número de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) nessas regiões está servindo de base para que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) adote uma nova metodologia para combater a violência na Capital a partir da identificação dos locais de maior incidência de homicídios e assim possa concentrar sua vigilância sobre essas áreas e tomar medidas preventivas de combate a esse tipo de crime. As violências não se distribuem de maneira homogênea na cidade. Da mesma forma que oferta de equipamentos públicos, direitos básicos e renda apresentam diferenças geográficas, os homicídios se concentram em algumas poucas regiões da cidade, segundo essa constatação.
Por conta desse paralelo, a SSPDS propõe a criação de um algoritmo para identificar essas áreas e otimizar as políticas públicas destinadas às que apresentem maior vulnerabilidade. Para isso o órgão lançou mão de 70 indicadores, divididos em quatro grupos: densidade demográfica e habitacional; renda e educação; saneamento; e infraestrutura. Com isso, seriam traçados os polígonos mais problemáticos para a atuação estatal. Não só o policiamento seria beneficiado com a ferramenta, como também políticas sociais outras, como programas de geração de renda e educação, por exemplo.
Evidentemente, será necessário um alinhamento do trabalho com a prefeitura para a melhoria dos índices identificados. Nessa estratégia, a repressão não basta por si mesma, mas exige o concurso de outros olhares, como ter atenção a prioridades básicas da comunidade, como a coleta de lixo e a conservação dos espaços públicos. Mais: de uma maior presença de projetos sociais, além de bolsas de estudo para jovens, para que possam ter mais oportunidades. A ação não é empírica, mas pretende basear-se em orientações de cunho científico, cuja seriedade provoque uma reação de confiança por parte das pessoas trabalhadas.
Sempre houve, na verdade, por parte de pesquisadores, divergências sobre a correlação entre qualidade de vida e incidência criminosa. Pois bem, o cruzamento de dados entre o IDH e CVLIs, em Fortaleza, demonstrou que essa correlação existe: nas duas Áreas Integradas de Segurança (AIS) com o menor número de homicídios registrados neste ano, estão nove dos dez bairros com o melhor IDH da cidade. Já na outra ponta, são as AIS de maior número de homicídios, aquelas que mais têm bairros no top 10 dos piores IDHs da cidade. Usado com competência o algoritmo surgido dessa inter-relação poderá dar foco à parceria entre SSPDS e Prefeitura para coibir a violência na Cidade, usando contenção policial e inclusão social, simultaneamente. n