Inteligência artificial (A.I.) é a aplicação da gigantesca capacidade de cálculo e memória dos computadores na realização de tarefas tipicamente humanas. Se você jogou videogame, utilizou um aplicativo de mapas, ou aceitou recomendações do seu aplicativo de filmes e séries, está se beneficiando da A.I.. O grande avanço da computação e das telecomunicações está permitindo que a A.I. seja aplicada em campos até então impensáveis. Atividades rotineiras já são encampadas pelas máquinas, tais como as de caixa de supermercado e operário em fábrica robotizada. Previsões sérias apostam que robôs (físicos ou virtuais) irão substituir e eliminar empregos de jornalista, advogado e clínico-geral. Em breve, teremos o carro sem motorista com óbvio impacto sobre empregos de taxistas e fretistas.
A questão é: esse avanço da A.I. se dá em favor da maior parte da humanidade? Em que a A.I. beneficiará nossa qualidade de vida material, física, cultural e espiritual? Este é um grande ponto de interrogação. Os avanços tecnológicos das últimas décadas, notadamente a onipresença da internet e do smartphone, já nos remetem a reflexões bastante contraditórias sobre os "prós e contras". Uma coisa é certa: a promessa que trabalharíamos menos não se cumpriu. A desigualdade de riqueza e renda não diminuiu e há sinais de que pode piorar. Por outro lado, países que souberam aproveitar a onda experimentaram grandes avanços e tiraram milhões de pessoas da pobreza extrema, notadamente na Ásia.
Um efeito temido da A.I. é o desemprego estrutural, isto é, a substituição em massa de empregos humanos por máquinas. O contra-argumento é que outras revoluções tecnológicas já aconteceram e novos empregos foram criados em substituição aos antigos. Isto é verdade, mas não é uma lei esculpida em pedra: tudo depende do "saldo" de empregos criados. As revoluções industriais anteriores trocaram o emprego humano de lugar (da fazenda para a fábrica). Elas também criaram a necessidade de administrar de forma científica empresas complexas, gerando empregos de gerente, supervisor etc. O quadro que se avizinha com a revolução da A.I. é bem mais desafiador, visto que atinge o fulcro da singularidade humana na Terra: a sua inteligência. O tema pede muita reflexão para que esta revolução seja em favor do florescimento humano.