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Editorial: Brasil: Amazônia e meio ambiente ameaçados
Opinião

Editorial: Brasil: Amazônia e meio ambiente ameaçados

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Tipo Notícia

O Brasil foi surpreendido nos últimos dias por imensas queimadas na Amazônia Legal, precedidas por desmatamentos de proporções jamais vistas. Esta semana, a capital paulista escureceu no início da tarde, como se estivesse em plena noite, com o céu tomado por fuligem procedente de queimadas florestais na região amazônica, conjugada a uma frente fria. O fenômeno despertou a atenção internacional, fazendo soar o alerta sobre presumíveis ameaças que pairariam sobre a maior reserva florestal do mundo, no rastro de uma crítica crescente à nova política ambiental do governo Jair Bolsonaro, que promete abrir ainda mais a área à exploração agropecuária e mineral, inclusive em terras indígenas, provocando protestos e indignação nos meios preservacionistas nacionais e de todo o planeta.

Segundo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até o mês de julho deste ano, o desmatamento na Amazônia Legal havia sido 278% maior do que o registrado no mesmo período do ano de 2018. Há grandes incêndios florestais acontecendo, neste momento, com perda da fauna e flora, em vários estados da região.

Não é inusitada a ocorrência de queimadas durante o verão amazônico, como agora, quando se prepara a terra para cultivos no campo. Acontece que queimadas e derrubadas andam juntas, traduzindo o desmatamento da Amazônia. O fato de o fogo ser cada vez mais visível pelos radares, numa proporção jamais vista, indica que o processo de desmatamento atinge uma velocidade inaudita, expandindo-se como nunca, segundo o Inpe e técnicos do Grupo de Estudos e Serviços Ambientais da Universidade Federal do Acre (Ufac) e de outras instituições.

Isso confirma que fazendeiros, garimpeiros, serrarias e desmatadores em geral se sentem confiantes para avançar o sinal diante do discurso emanado do Planalto, indicando que os critérios de preservação ambiental até então vigentes vão ser flexibilizados para se enquadrar numa redutora visão de mercado. A demissão do diretor do Inpe, Ricardo Galvão, por ter apresentado dados técnicos (não absorvidos pelo governo) demonstrando o avanço do desmatamento ilegal, assim como as agruras do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para monitorar as agressões ambientais, aparecem como indicativos claros dessa reviravolta ambiental.

A opinião pública internacional reage a essa política de forma cada vez mais enfática - sobretudo a União Europeia - traduzida nos cortes do Fundo da Amazônia pela Alemanha e Noruega. Simultaneamente, o agronegócio brasileiro começa a ficar na berlinda por conta disso. É hora de a sociedade civil, meio científico, agências governamentais, universidades e setor privado mobilizarem-se para impedir o retrocesso irreparável que se desenha para o Brasil e a humanidade. 

 

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