Em um tempo de intolerância com o diferente, de falência da ética, onde os registros de civilidade são capturados por discursos de ódio e consequentemente o adoecimento psíquico mostrando-se cada vez mais presente é no campo das ideias a via que nos permite a invenção de outros olhares acerca da nossa existência enquanto sujeitos, cidadãos, estudantes e profissionais da saúde mental.
A Psicologia, ou mais corretamente, as Psicologias (são muitas as teorias, métodos e técnicas psicológicas) inauguram a escuta dos sofrimentos psíquicos, das angústias, do mal-estar. Como diz Leopold Nosek, "na contemporaneidade de transformações em velocidade vertiginosa, em que o tempo necessário para o devaneio e o sonho não é encontrado, o espírito não se constrói". Daí as patologias.
Viver dá trabalho. Somos confrontados a todo momento com situações que exigem posicionamentos e isso implica sairmos da inércia. Fazer psicoterapia é isso. Sair da inércia, arriscar-se. É o sujeito responsabilizar-se pela vida que leva, pelas escolhas que faz, pelos sintomas que produz.
No trajeto da graduação em Psicologia o aluno é defrontado com possibilidades distintas de pensar esse sujeito e suas dores. A teoria psicanalítica é uma dessas possibilidades. Freud propôs uma rota radical para a escuta dos sofrimentos no sentido de ter apresentado uma Psicologia completamente distinta das que existiam até então. Ele roubou o sono da humanidade ao sacudir a lógica racional e afirmar que não somos donos da nossa morada (consciência). Somos regidos pelo inconsciente sendo esse o pilar da sua invenção.
Nutro um sentimento de muita gratidão para com os meus mestres do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza/Unifor. Saí de lá enquanto discente e hoje na condição de docente temos a alegria de comemorar os 35 anos desse curso incrível na semana em que também comemoramos o dia do Psicólogo (27 de agosto). Serão cinco dias (26 a 31/08) de palestras, mesas-redondas e debates com temas que permeiam o campo das Psicologias e exigem, cotidianamente, reflexões e posicionamentos a fim de demarcarmos de forma ética o fazer psicológico.