Quem não trabalha com Ciências da Informação ou Tecnologia, sabe de forma mais genérica que o sistema binário ou de base 2 está presente nos computadores digitais, sendo um sistema de numeração em que todas as quantidades se representam com base em dois números, ou seja, zero e um.
Temos também a definição do binarismo que é relacionada a duas vertentes que podem ser consideradas opostas. Aí entra ainda o maniqueísmo com sua dualidade que posiciona o bom/mau, feio/bonito, certo/errado, entre tantas outras variáveis.
Estes conceitos estão sendo aplicados ao extremo através de mentalidade "nós-versus-eles" responsável por criar barreiras e inviabilizando as possibilidades de diálogo. Recentemente fui taxada com adjetivos nada elogiosos simplesmente por estar tentando, eu disse, tentando conversar sobre a questão das queimadas da Amazônia em uma reunião amigável (?) entre pessoas conhecidas, e, em teoria, com o mesmo nível cognitivo.
A questão que se coloca hoje é de um radicalismo atroz. Na política, por exemplo: ou você é de direita ou é comunista. Como assim? Esta visão estreita e distorcida que não contempla tantas outras possibilidades e nuances é voz corrente hoje em redes sociais, grupos de WhatsApp e em outros núcleos de relações sociais.
Este clima de ame ou odeie não é produtivo e gera muito estresse emocional. Fiquei pensando nos meus antigos estudos sobre Dialética, com Sócrates e Platão. E encontrei uma ótima definição que serviria perfeitamente para resolver esta atmosfera de polarização exacerbada: dialética é uma forma de discurso entre duas ou mais pessoas que têm pontos de vista dissonantes sobre um mesmo assunto, porém almejam estabelecer a verdade por meio de argumentos fundamentados e não meramente vencer um debate ou convencer o oponente.
Seria uma utopia imaginar que um dia poderíamos utilizar a Dialética como forma de construção de diálogos e não apenas querer eliminar ou sobrepujar as opiniões contrárias a ferro e a fogo?