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Carlos Viana: Vamos à praia!
Opinião

Carlos Viana: Vamos à praia!

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FORTALEZA, CE, BRASIL, 12-06-2015: Carlos Viana, repórter do Núcleo de Opinião do jornal O POVO, deficiente visual. Fotos para arquivo. (Foto: Diego Camelo/O POVO) (Foto: O POVO)
Foto: O POVO FORTALEZA, CE, BRASIL, 12-06-2015: Carlos Viana, repórter do Núcleo de Opinião do jornal O POVO, deficiente visual. Fotos para arquivo. (Foto: Diego Camelo/O POVO)

O projeto Praia Acessível, que existe em diversas capitais brasileiras, incluindo Fortaleza, é uma das melhores iniciativas para a inclusão da pessoa com deficiência.

São inúmeros os relatos de pessoas que adquiriram deficiência ao longo da vida e passaram anos sem ir à praia com amigos e familiares e puderam voltar a fazê-lo após a iniciativa.

Também são vários os relatos de pessoas que, devido ao alto comprometimento causado pela deficiência, nunca haviam entrado no mar e, com o Praia Acessível, fizeram isso pela primeira vez.

As várias praias acessíveis já existentes tem promovido inclusão e lazer a essas pessoas que, em muitos casos, são negligenciadas pela sociedade e pelos governantes.

No entanto, a Praia Acessível de João Pessoa (PB), tem causado polêmica. Isso porque o projeto foi instalado em um bairro nobre da capital paraibana e um grupo de mulheres, incomodadas com a presença de pessoas com deficiência no local, foram à Câmara Municipal da cidade pedir que a autora do projeto as tirassem dali, "pois a praia estava feia". A vereadora não só recusou a proposta, como disse que irá lutar para que outras praias de João Pessoa tornem-se acessíveis.

Uma tecla que bato sempre é que as pessoas precisam conviver com os diferentes, para perceber que essas pessoas apenas tem alguma característica diferente da sua. Muitas são negras, homossexuais, pobres, gordas, magras ou, no caso, possuem algum tipo de deficiência que, nem por isso, deixam de ser seres humanos e, exatamente por esse motivo, tem direito ao respeito e não a piedade por parte de outros.

Essas senhoras, que sentem-se incomodadas ao avistarem das janelas de seus luxuosos apartamentos pessoas com deficiência se divertindo, esquecem que um dos ditados populares mais verdadeiros é o que diz "o futuro a Deus pertence".

Quem sabe algum dia elas possam ter um filho ou neto que nasça com alguma deficiência ou elas mesmo, por acidente ou doença, poderão adquirir uma deficiência e precisarem não só de uma praia acessível, mas de aceitar uma nova condição de vida que, espero, as torne menos preconceituosas e mais humanas. 

 

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