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Antônio Vasques: O sindicato da discórdia
Opinião

Antônio Vasques: O sindicato da discórdia

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Antonio Vasques, doutor em Ciências (Unicamp) (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Antonio Vasques, doutor em Ciências (Unicamp)

Em março último foi assinado pelo governador Camilo Santana e o sindicato que representa os docentes do ensino superior público estadual, com a interveniência do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), um acordo que pôs fim a um dos processos trabalhistas mais antigos do Brasil.

O acordo foi negociado por um pequeno grupo de professores com a Procuradoria Geral do Estado, graças ao vaticínio dos procuradores Juvêncio Viana, João Regis Nogueira e João Renato Cordeiro que vislumbraram uma oportunidade de encerrar uma matusalênica contenda judicial.

Do lado do governo era factível diminuir uma dívida considerada impagável pelos altos escalões governamentais, transitada em julgado, com oneração do erário em alguns bilhões de reais. Do outro, professores com idade média de quase 80 anos gostariam de receber em vida o que lhes era devido, mesmo com altíssimo deságio. Mais de 300 colegas faleceram durante o interstício.

Essa conjunção de interesses foi a pedra axial para que o acordo se tornasse realidade. Em assembleia geral realizada, 73% dos docentes posicionaram-se por aceitar a proposta do governo do Estado, sujeitando-se a receber valores muito inferiores aos efetivamente devidos.

A maioria dos docentes passou a aguardar a efetivação do pagamento da primeira parcela dos precatórios, já que o Governo do Estado depositou em juízo os valores correspondentes na data de assinatura do acordo.

Há seis meses a categoria vem acompanhando manobras protelatórias patrocinadas pelo próprio sindicato que a deveria defender através de idas e vindas de cargas processuais. Em função dessa verdadeira operação "tartaruga" muitos professores estão se desfiliando do sindicato em sinal de protesto.

De março para cá o blog mantido pelo presidente do sindicato transformou-se em obituário: queridos colegas faleceram sem receber o que lhes era devido.

O TRT, tenho plena convicção, vem acompanhando esse longo percurso e deverá nos próximos dias liberar os recursos depositados há seis meses. Afinal, não temos tempo de vida para esperar mais 32 anos. 

 

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