Logo O POVO+
Rodrigo Porto: Celulares 5G: mitos e verdades
Opinião

Rodrigo Porto: Celulares 5G: mitos e verdades

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Rodrigo Porto
Professor, pesquisador e coordenador do Grupo de Pesquisa em Telecomunicações sem fio da UFC
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Rodrigo Porto Professor, pesquisador e coordenador do Grupo de Pesquisa em Telecomunicações sem fio da UFC

A 5ª geração dos celulares (5G) já é realidade em alguns países. No Brasil estará disponível no início de 2021 após procedimentos regulatórios da Anatel ano que vem. A tecnologia 5G ganhou destaque quando uma empresa chinesa de telecomunicações foi banida de fazer negócio nos Estados Unidos, por razões de segurança nacional. Além disso, as redes sociais propagaram a existência de supostos riscos à saúde das pessoas. Vale a pena esclarecer o que é mito e o que é verdade.

A tecnologia 5G foi criada tendo em vista dois usos principais. Um deles é aumentar a capacidade do serviço de banda larga móvel que milhões de pessoas já usam. Neste aspecto, os celulares 5G não diferem muito dos atuais em seu formato e operação. No entanto, conseguem ser entre 10 e 100 vezes mais rápidos em downloads que os seus parentes 4G.

Mas é no 2º uso previsto da tecnologia que reside a preocupação em relação a segurança nacional, no que há um fundo de verdade. A tecnologia 5G é considerada essencial para viabilizar a Internet das Coisas. Ideias como carro sem motorista ou drone fazendo entrega de pizzas necessitam da tecnologia 5G para a transmissão de dados com alta confiabilidade. Outro uso é no gerenciamento otimizado de sistemas de distribuição de energia e de água, com a implantação de milhares de sensores em usinas, fábricas e residências.

Diante de uma crescente dependência da sociedade em serviços digitais, o domínio dessa tecnologia é fundamental para a segurança nacional. A aquisição de equipamento estrangeiro impõe, de fato, um risco (teórico ao menos) dos mesmos serem usados em espionagem ou, pior, em cyber-terrorismo. Neste sentido cabe discutir o tema junto à indústria de telecomunicações que está na melhor posição para construir dispositivos de segurança que tornem as aplicações 5G robustas a esses ataques.

Quanto a possibilidade de efeitos maléficos na saúde, trata-se de pura fake news. Não há alteração fundamental na onda de rádio usada no 5G. Apesar do uso de faixas de frequências mais altas, a agência reguladora de telecomunicações norte-americana já afastou qualquer risco. Porém, nota-se que as fake news prosperam: um projeto de lei foi apresentado na Assembleia Legislativa do estado de Santa Catarina propondo proibir o 5G no estado em função desses supostos riscos. 

O que você achou desse conteúdo?