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André Palhano: Um mundo sustentável
Opinião

André Palhano: Um mundo sustentável

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Tipo Notícia Por
André Palhano 
Jornalista e fundador da Virada Sustentável
 (Foto: Mauri Melo)
Foto: Mauri Melo André Palhano Jornalista e fundador da Virada Sustentável

A definição, digamos assim, "oficial" do que é sustentabilidade vem de um documento intitulado Nosso Futuro Comum, de 1987, e diz basicamente o seguinte: desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades.

Em resumo, é a ideia de que moramos todos numa mesma casa, a Terra, e que temos de atender nossas necessidades atuais (moradia, água, alimentação, celular com WhatsApp etc.) com os recursos que ela oferece, mas também pensando em como manter essa casa em ordem para os próximos habitantes.

Não se trata exatamente de salvar o "planeta", como muitos pensam, mas sim a nossa própria pele como espécie humana. E é por isso que a sustentabilidade não deve ser percebida como uma agenda exclusivamente verde.

Basta imaginar um mundo 100% ecoeficiente, com zero geração de resíduos, movido a fontes renováveis de energia, preservação integral da biodiversidade, mas que esteja em guerra civil por conta de desigualdades sociais, ou que tenha uma população com graves problemas de saúde devido à alimentação inadequada ou à pressão por sucesso financeiro. Um mundo em que a gente não tenha mais tesão pela vida, apenas sobreviva.

Outra percepção equivocada é de que sustentabilidade se refere apenas aos desafios de um futuro distante. Significa ignorar a parte da definição que fala sobre "atender as necessidades atuais de nossa geração", algo que ainda estamos muito distantes de alcançar - vide a quantidade de problemas que assistimos diariamente nos jornais.

Estamos num beco sem saída? Acho que não. Em mais de uma ocasião, a humanidade esteve em dilemas semelhantes e conseguiu avançar, seguindo em seu processo civilizatório. Tudo graças à essa incrível dádiva de que fomos dotados como espécie: a inteligência.

É com a inteligência que vamos criar um mundo sustentável, com soluções inovadoras, incrivelmente ecoeficiente, com respeito à diversidade e à cultura de paz, com um capitalismo que não gere tanta desigualdade. Tudo para que as gerações do futuro olhem para nós lá na frente e comentem, orgulhosos: "ainda bem que eles perceberam a tempo". 

 

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