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Jesualdo Farias: Indústria nacional em queda livre
Opinião

Jesualdo Farias: Indústria nacional em queda livre

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Jesualdo Farias
Professor da UFC
 (Foto: Mauri Melo/O POVO)
Foto: Mauri Melo/O POVO Jesualdo Farias Professor da UFC

Dados divulgados pela imprensa no final de setembro indicam que a produção industrial no mundo cresceu 10% desde 2014. Na contramão, o setor industrial brasileiro caiu 15% no mesmo período. Este é mais um fracasso da política econômica neoliberal, associada à ausência de uma estratégia industrial para o País. Este importante setor da economia, que já foi responsável por mais de 20% do PIB brasileiro, responde hoje por apenas 11%.

Dentre as causas para esta estagnação do setor industrial brasileiro, estão: a complexa estrutura tributária, o baixo investimento e tecnologias obsoletas, além da crise política que também gera insegurança para os investidores. Um dos setores mais sensíveis é a indústria de transformação, por ser muito dependente de investimentos em tecnologia e inovação. Neste quesito, o Brasil patina enquanto faltam investimentos públicos e privados para dinamizar a pesquisa e se desprezam os relevantes papeis dos cientistas, das universidades e dos institutos de pesquisa.

É importante lembrar que, em maio deste ano, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, declarou que tanto os governos das duas últimas décadas quanto os empresários têm culpa na crise da indústria. Os governos, porque não implantaram uma estratégia industrial e os empresários, porque receberam proteção e incentivos fiscais sem uma contrapartida de investimento em desenvolvimento e inovação.

O quadro não é nada animador. Neste ano, o setor industrial já acumula uma queda de 1,7%. Restando três meses para o fim do ano, não há qualquer sinalização de melhoria. Sem uma maior participação da indústria na economia, os índices de desemprego e de subemprego continuarão elevados, atingindo mais de 50 milhões de brasileiros.

Enquanto isso, o orçamento proposto para os principais fundos de apoio à pesquisa e tecnologia (CNPq, Capes e FNDCT) para 2020 deverá ser de R$ 4,4 bilhões. Isto representa 36% do que foi aprovado para 2015. Este cenário reflete a falência do sistema de ciência e tecnologia do País e aponta para a consolidação da queda livre do setor industrial brasileiro. 

 

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