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Plínio Bortolotti: O "chamado" de Luciano Huck
Opinião

Plínio Bortolotti: O "chamado" de Luciano Huck

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 Plínio Bortolotti (Foto: Camila de Almeida/O POVO)
Foto: Camila de Almeida/O POVO Plínio Bortolotti

A apresentadora televisiva Angélica declarou em entrevista à revista Marie Claire não achar "muito legal" o seu marido Luciano Huck tornar-se candidato a presidente da República, mas "tem uma hora que você não está mais no controle. É uma espécie de chamado", completou.

Huck, ele também apresentador de TV - ambos da Rede Globo - é a nova grande esperança branca da elite brasileira, que tenta afastar-se à francesa da truculência bolsonarista, fazendo de conta que nada tem a ver com a teratologia instalada no Palácio do Planalto. Querem fazer esquecer que, menos de um ano atrás, Jair Bolsonaro era louvado como o salvador da economia e da tradicional família brasileira: conservador nos costumes, porém liberal na economia.

Disputa com Huck a preferência da elite o governador de São Paulo, João Doria, que abandonou o cashmere, casualmente atirado sobre os ombros, para vestir-se, ainda elegantemente, mas sem ostentar símbolos de riqueza. O povo rejeita políticos mal ajambrados, mas também não gosta dos exibidos.

Nesse jogo, quem fica fora do radar dos super-ricos é o ministro da Justiça Sergio Moro. Mesmo que ele rompa com Bolsonaro para tentar ocupar a cadeira do chefe, será cobrado por ter participado do governo, que vai se afundando em uma mistura de incompetência e autoritarismo. A Moro parece restar agora a indicação ao Supremo Tribunal Federal, se Bolsonaro não preferir alguém "terrivelmente evangélico". Talvez, por isso, o católico Moro venha se esmerando em fazer coisas agradáveis ao senhor de sua fortuna.

Mas o assunto sobre o qual escreveria, e acabei me desviando, é o tal "chamado" que Huck teria recebido para disputar a Presidência. Em vez de dizer que tem apenas fantasia de ser presidente da República - uma espécie desejo que anima muitos daqueles que participam de seus quadros na TV -, o sujeito (ou a mulher dele) tem de apelar para o incontrolável, como se forças esotéricas lhe houvessem reservado tal destino. É a jornada do herói, típico de quem se acostumou a ver o mundo pelas lentes coloridas de programas de auditório. 

 

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