Logo O POVO+
Rui Martinho Rodrigues: Transformações em curso
Opinião

Rui Martinho Rodrigues: Transformações em curso

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Rui Martinho Rodrigues, historiador, professor da Faculdade de Educação da UFC (Foto: Georgia Santiago, em 01/06/2010)
Foto: Georgia Santiago, em 01/06/2010 Rui Martinho Rodrigues, historiador, professor da Faculdade de Educação da UFC

Vivemos profundas transformações. Partidos políticos perdem representatividade; meios de comunicação social sofrem o impacto das novas tecnologias; famílias sofrem com a redefinição dos papéis sociais; igrejas enfrentam o relativismo cognitivo e axiológico. As instituições vivem crise de identidade. A crítica social abalou as referências culturais. O multiculturalismo diferencialista globalizado potencializou o relativismo cultural e a negação das referências valorativas. Os mores transformaram-se em folkways, banalizando as referências.

Anthony Daniels, conhecido como Theodre Dalrymple (1949 - vivo), psiquiatra forense, detectou uma ampla desorientação na sociedade. Depressão, dependência química e suicídio, ao lado da criminalidade crescente seriam expressões da desorientação referida. A mudança cultural é uma autêntica revolução, assim reconhecida em expressões tais como "revolução dos costumes" e "revolução sexual", entre outras. Trata-se de aculturação forçada, herança iluminista, com o seu cientificismo que se presume intelectualmente superior, como se as suas cogitações filosóficas e ideológicas fossem verdades tão sólidas quanto o conhecimento das ciências da natureza.

É também uma herança platônica, com a sofocracia, constante em A República do pensador citado. A vontade de potência motiva poderosamente, conforme Friedrich Nietzsche (1844 - 1900). A sedução do poder gera a embriaguês que Raymond Aron (1905 - 1983) definiu como ópio dos intelectuais, referindo-se ao marxismo, mas aplicável amplamente ao dirigismo dos intelectuais.

Instituições são dirigidas por pessoas. Sofrem influência dos seus titulares. O Judiciário brasileiro, por iniciativa do STF, quebrou o princípio da separação dos poderes; legisla positivamente; contraria o entendimento internacional e secular segundo o qual não há nulidade, no processo, sem prejuízo para as partes, na ausência de previsão legal para tanto. Resolveu impor efeito erg omnes ao decidir sobre habeas corpus, sem que haja previsão constitucional para vincular todos os juízes, a exemplo do que ocorre nas ações diretas de inconstitucionalidade. Assumiu a condição de poder ilimitado, absoluto. Estes são tempos de insegurança. 

 

O que você achou desse conteúdo?