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Laura Rios: Experiência urbana
Opinião

Laura Rios: Experiência urbana

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Muito mais que defender a liberdade individual para acessar os recursos urbanos, promover o "direito à cidade" tem sido uma prioridade nos movimentos sociais. Falamos aqui do direito de fazer e refazer nossas cidades e nós mesmos, à luz de pensamentos precisamente esclarecedores como de Leferbvre e David Harvey.

O direito à cidade é algo genuinamente coletivo e também tem o poder de dar novas formas ao processo de urbanização. Ele revela o direito de mudar a si mesmos por mudar a cidade através de experiências urbanas. Mesmo sendo um dos direitos mais preciosos, os direitos à cidade são, ainda assim, os mais negligenciados de nossos direitos humanos.

Experiências urbanas são tudo que vivenciamos no meio urbano: morar, locomover-se, relacionar-se, criar símbolos, modificar espaços, compartilhar cotidianos e todos seus conflitos. Hoje muitas coisas ameaçam a experiência urbana, gerando uma crise na dimensão sociopolítica e arquitetônica na cidade. Uma das principais ameaças é a recente introdução dos ecossistemas informativos e dos mundos virtuais. Passamos a reproduzir ambientes atravessáveis somente por formas de interações técnicas, questionando inclusive conceito de espaço e do significado do habitar. Isso é bem visível nas metrópoles contemporâneas como Fortaleza.

É nesse sentido que a experiência urbana deve ser promovida para que o conceito de habitar seja apresentado como estratégico para pensar as transformações que nos interessam. As experiências urbanas resgatam a nossa condição perceptiva e a nossa forma de sentir e, consequentemente, na forma de agir.

Finalmente, então, mudadas pessoas que mudam as cidades para serem vivas e democráticas. Finalmente, compreender que para garantir o direito à cidade precisa-se oferecer mobilidade urbana de qualidade e incentivar a ocupação dos espaços públicos. É criar campos seguros para trocar ideias de como construir uma cidade mais justa e debater com mais seriedade sobre sustentabilidade, democracia, direitos, igualdade, raça, gênero, mobilidade, agricultura urbana e gestão solidária de resíduos sólidos. 

 

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