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Editorial: A governabilidade e a crise no PSL
Opinião

Editorial: A governabilidade e a crise no PSL

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Tipo Notícia

É bastante difícil compreender por que, com tantos problemas graves a resolver, o presidente Jair Bolsonaro tenha iniciado uma briga aberta com seu próprio partido. Esse confronto - que está descendo a níveis inaceitáveis - pode prejudicar ainda mais a claudicante relação do governo com o Congresso nas necessárias negociações a respeito das providências urgentes para animar a economia, como a reforma da Previdência e a reforma tributária, entre outros temas que aguardam encaminhamentos.

A disputa pelo controle da sigla - incluindo seu milionário fundo partidário - e a possível intenção de Bolsonaro em se afastar das investigações sobre o "laranjal" do PSL são os motivos mais citados para explicar a atitude do presidente. Porém, o que surpreende - mesmo se tratando de Bolsonaro, dado a rompantes que geralmente terminam em altercações desnecessárias - foi a forma escolhida para resolver o assunto, ao dizer, publicamente - sem que nada lhe fosse perguntado -, que o presidente de seu partido, Luciano Bivar, estaria "queimado" e, por isso, não queria seu nome ligado ao dele. Bivar é investigado por apresentar supostas candidaturas laranjas na eleição em Pernambuco. Entretanto a situação dele se assemelha à do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que responde pelo mesmo problema em Minas Gerais, porém, isso não impede Bolsonaro de mantê-lo como titular da pasta.

O fato é que esta semana consumiu-se em verdadeira batalha campal, abalando profundamente o PSL, no qual não faltaram áudios gravados secretamente, queixas de traição e xingamentos. Ainda que não seja possível prever como terminará a refrega, de uma coisa se tem certeza: haverá consequências negativas para a governabilidade, pois tornou-se de conhecimento geral que o presidente não tem o apoio unânime nem mesmo dentro de seu próprio partido.

A mais, ressalte-se que, dez meses após assumir o governo, o presidente não conseguiu ainda alcançar um grau de estabilidade que lhe permita governar sem sobressaltos, de modo a implementar os projetos indispensáveis ao desenvolvimento do País. Parece que o governo espera que a reforma da Previdência - ainda pendente no Senado - seja o condão a resolver todos os problemas brasileiros, o que certamente não irá acontecer, apesar da necessidade de realizá-la.

Observa-se assim, que é cada vez mais árdua a tarefa de fazer Bolsonaro entender que hoje ele é presidente do Brasil, um país relevante no cenário mundial. Apesar disso, o presidente continua a agir como se fosse apenas um deputado - sem desmerecer essa importante função -, com obrigações mais restritas com seu grupo de eleitores. De qualquer forma, se o presidente resiste em não entender quais são suas responsabilidades, talvez não fosse demais pedir-lhe um pouco de juízo e compostura. 

 

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