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Editorial: Lagoa da Precabura: unidade de conservação
Opinião

Editorial: Lagoa da Precabura: unidade de conservação

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Tipo Notícia

 Uma antiga reivindicação para se criar uma Unidade de Conservação (UC) Estadual para preservar a Lagoa da Precabura, no limite entre os municípios de Fortaleza e Eusébio, ganhou desenvoltura nos últimos dias, culminando com a decisão oficial da Prefeitura de Eusébio de fazer sua parte, criando um Grupo de Trabalho (GT) para realizar "estudos de requalificação (do lugar) e recuperação da fauna e da flora". Já não era sem tempo: o impasse entre os municípios de Fortaleza, Eusébio e Estado sobre quem encabeçaria a iniciativa foi finalmente rompido.

A ideia inicial era a criação de UC Estadual, mas a Prefeitura de Fortaleza não concordou com a proposta, alegando que a Lagoa da Precabura fica em área que extrapola os limites da Capital (e nesta já se responsabilizaria por dez lagoas). O governo do Estado, por sua vez, já havia argumentado em junho, numa audiência da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa sobre o assunto, que não podia tomar decisões sem a anuência dos municípios envolvidos. Houve ainda uma tentativa de acordo entre as três instâncias - mediada pelo secretário do meio ambiente, Artur Bruno -, sem resultados. Então, associações de moradores do Eusébio e a Comissão de Meio Ambiente da OAB-CE apelaram para o prefeito Acilon Gonçalves, que anuiu.

Assim, foi formado oficialmente o Grupo de Trabalho da Lagoa da Precabura, reunindo mais de 30 pessoas de 17 instituições: três associações de moradores (Encantada, Amapre e Mangabeira), as Universidades Federal (UFC) e Estadual (Uece), o Instituto de Ciência do Mar (Labomar/UFC), a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz-Ceará), a Comissão do Meio Ambiente da OAB-Ceará, o Ibama, o Instituto Federal do Ceará (IFCE), a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), o Núcleo de Interação Cidadã do Eusébio, secretarias da Prefeitura do Eusébio e outras entidades. Seu compromisso é viabilizar a criação de uma área ambientalmente protegida, na lagoa e no seu entorno, para impedir que o importante ecossistema aí existente continue sendo agredido por meio de construções irregulares, como vem ocorrendo desde a década de 1980.

Além disso, há aterros, desmatamentos, especulação imobiliária e aporte de esgotos dos dois municípios. Corre-se o risco de esse belo patrimônio natural desaparecer sob a pressão de interesses pouco afeitos à preservação ambiental. Seria imperdoável, se isso acontecesse, pois se trata de um ecossistema de rica biodiversidade, onde se refugiam espécies já extintas no Parque do Cocó. "Impõe-se ao poder público e a coletividade o dever de defender a criação da Unidade de Conservação da Lagoa da Precabura, mantendo sua integridade de patrimônio ambiental e cultural e zelar por sua riqueza e diversidade de flora e fauna" - pede um abaixo-assinado de moradores da área. 

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