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Editorial: Brasil: crise aumenta pobreza extrema
Opinião

Editorial: Brasil: crise aumenta pobreza extrema

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Desde a última quarta-feira, o Brasil está refletindo sobre os dados apresentados pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS) e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dando conta de que a extrema pobreza no Brasil bateu recorde em 2018 com 13 milhões de pessoas (6,5%) vivendo com menos de 2 dólares ao dia. No Ceará, essa é a situação de 12% da população. Já quando se considera o número de pessoas que vivem com 5,50 dólares por dia (linha da pobreza) o índice chega a 42% da população cearense. Para se ter a dimensão do problema, o número de miseráveis no Brasil equivale ao da população total de países como Bolívia, Bélgica, Cuba, Grécia e Portugal, por exemplo.

Até 2015, a tendência verificada era de queda nas proporções de pessoas pobres ou extremamente pobres. Já em 2017, o estrago mostrava sua face horrenda: o índice de miseráveis já subira para 6,4%. Quadro igualmente grave se verifica nos índices sociais: saúde, educação, saneamento básico, moradia, atingindo em cheio os segmentos que têm menos condições de se proteger. Tudo descamba com a recessão no biênio 2015/2016, que provocou demissões em massa. Estima-se que parte dessas pessoas só teria conseguido retornar ao mercado de trabalho mais tarde, em condições menos favoráveis.

Quando se olha a situação do Ceará, vê-se que apesar de resultado crítico, ocorre leve melhora do índice entre 2017 e o ano passado, com a redução de 1,6 ponto percentual na proporção de pobreza e na estabilidade da extrema pobreza. Sim, quase metade da população possui renda de até R$ 420 mensais. E quatro milhões estão na miséria, com renda de R$ 145,00, mensais.

Trata-se do Estado do Nordeste que tem a 5ª maior população de pessoas abaixo da linha de pobreza. Estima-se que a ampliação da ocupação, o crescimento do rendimento no trabalho, além de aposentadorias e pensões explicariam a pequena redução nos índices de pobreza no intervalo 2017-218 - já apontado. Provavelmente, pelo fato de o Estado registrar a maior média de crescimento econômico da região, mas também por ter a sensibilidade de tentar insistir na combinação de mercado e inclusão social, no seu modelo de desenvolvimento.

Mas tem muito ainda a realizar: 59,6% dos cearenses não têm acesso a saneamento básico, por exemplo. Na Educação, é certo, 63,3% dos jovens cearenses entre 18 a 29 anos têm no mínimo 12 anos de estudo - ou seja, concluíram os ensinos fundamental e médio (em 2016 eram 58,5%). Só que 36,7% restantes de jovens da mesma faixa etária ainda não estudaram o período mínimo para conclusão do ensino básico. Crescer e incluir continua sendo o maior desafio do Brasil.

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