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Magela Lima: Joaquin Phoenix: um verbete
Opinião

Magela Lima: Joaquin Phoenix: um verbete

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Magela Lima, jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Magela Lima, jornalista e professor do Centro Universitário 7 de Setembro

Quem não se organizou para ir ao cinema logo na estreia, há mais de um mês, muito provavelmente, ouviu recomendações entusiasmadas de que Coringa, filme de Todd Phillips, é uma obra essencial. Fundamental de ser vista. Detalhe: isso vindo da boca tanto de quem só viu maravilhas no longa-metragem, como também daqueles que lhe fazem sérias ressalvas. De fato, todos têm razão. Coringa, para além do efeito de gosto que mobilize, tem, sim, algo de genial. E esse algo tem nome e sobrenome. É Joaquin Phoenix.

Saí da sala de cinema com uma ideia bem clara. Da próxima vez que precisar trabalhar com algum verbete que dê conta do conceito de ator, não vou mais recorrer à bibliografia de referência tradicional. Joaquin Phoenix basta. Se é possível apontar alguma crítica ao Coringa do filme de Todd Phillips, e é, isso fica restrito especificamente ao domínio da personagem. Pode ser que o cinema não tenha sido tão fiel aos quadrinhos. Pode ser que o cinema tenha sido tolerante demais com a brutalidade dos atos que fazem do infeliz comediante Arthur Fleck o mais temido criminoso de Gotham City.

Enfim. Desconsiderando a delicadeza do universo do papel, o trabalho de ator que Joaquin Phoenix apresenta é fabuloso. Histriônica, a composição que ele revela de Coringa tem uma força cênica ímpar. É filme, é cinema, mas as sensações que ele provoca são de outra ordem. Joaquin Phoenix é teatral. Que fique claro: isso é um elogio! Por vezes, o filme se resolve com as suas inúmeras inflexões de corpo, numa performance que casa rigor e espontaneidade. Coringa é exemplo primoroso de uma exímia performance de ator.

Por vezes, Joaquin Phoenix me lembrou umbutô. Por vezes, Joaquin Phoenix me lembrou um Béjart.Por vezes, Joaquin Phoenix me lembrou os fundamentos do tai chi chuan. Por vezes, Joaquin Phoenix me lembrou o picadeiro. Diante do desafio de desnudar o passado de uma personagem tão conhecida, Todd Phillips pode até ter entregue ao público algo pela metade. Em compensação, presenteou o cinema com um brilhante elogio à arte do ator, à arte de Joaquin Phoenix. n

 

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