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Prioridade no combate à força econômica das facções
Opinião

Prioridade no combate à força econômica das facções

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Tipo Notícia

Parecem animadoras as primeiras declarações do promotor de Justiça Manuel Pinheiro Freitas, nomeado na última sexta-feira pelo governador Camilo Santana para ocupar o cargo de Procurador Geral de Justiça, em posse já anunciada para 6 de janeiro próximo.

A disposição anunciada por ele de promover uma mudança no foco do combate às facções no Ceará, dando prioridade estratégica no Ministério Público ao "sufocamento" financeiro destas organizações criminosas, indica uma opção importante que, se levada adiante, apresenta uma perspectiva real de entrarmos num momento novo e necessário na luta do Estado contra uma situação que é de ameaça permanente e que exige resposta à altura das instâncias publicas.

É inegável que há avanços importantes registrados nos últimos meses e anos, no Brasil e no Ceará, na luta que tem sido travada contra forças criminosas organizadas. O importante das primeiras manifestações do futuro chefe da PGJ é que indicam a disposição para promover as reorientações necessárias ao trabalho de investigação no âmbito do que compete ao Ministério Público. É uma energia nova que se agrega ao processo e, até em função disso, certamente com disposição e abertura para pôr em prática as correções de que anda precisando.

Um aspecto que precisa ser bem compreendido, inclusive da parte da sociedade, é que o novo caminho que o promotor sinaliza tem uma característica diferente, é menos barulhenta e geralmente dispensa operações espetaculares. Em termos de conteúdo e de resultados práticos, porém, apresenta potencial para atingir os interesses das organizações criminosas de maneira mais certeira e profunda, reduzindo a capacidade que mantêm de atrair financeiramente os jovens, especialmente aqueles que residem em áreas periféricas das cidades, numa batalha invisível que se trava o tempo todo nas ruas.

Estudos apontam a existência, hoje, de pelo menos 67 facções atuando a partir de presídios brasileiros, espalhados pelas várias unidades da Federação. Quatro delas, acredita-se, estruturadas no Ceará, o que expõe o tamanho do desafio apresentado às nossas autoridades e reforça a necessidade de irmos além do que se fez até o momento, por eficazes que tenham sido as medidas, como a transferência de líderes para presídios federais, o endurecimento de regras nas unidades administradas pelo governo estadual ou o reforço do quadro de pessoal das nossas instituições policiais.

Todas ações úteis e necessárias, embora insuficientes para atacar o problema nas suas causas, algo que a ideia de sufocar a vida financeira dessas organizações certamente pode alcançar com maior profundidade e consequência.

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