Projeto de lei de autoria do deputado Manuel Duca (Pros), que tramita na Assembleia Legislativa do Ceará, quer proibir a venda de refrigerantes nas escolas cearenses. A medida, caso aprovada, é correta?
Sim
A obesidade tem vários fatores atrelados à sua etiologia. O excessivo consumo de açúcar tem sido apontado como uma das principais causas do aumento da obesidade, e isto, em parte, deve-se ao alto conteúdo de açúcar em bebidas adoçadas como sucos industrializados e refrigerantes.
As bebidas ricas em açúcar relacionam-se ao ganho de peso e aumento do índice de massa corporal (IMC) em crianças e adolescentes. Apresentam-se ainda como aumentado fator de risco para diabetes tipo 2 e demais doenças associadas à obesidade. Soma-se a isso a qualidade nutricional inadequada destas bebidas, em geral, ricas em sódio e pobre nos demais micronutrientes importantes para a saúde de crianças e adolescentes. Dados reforçados por pesquisas também têm mostrado que a redução das bebidas adoçadas é mais efetiva na prevenção da obesidade que outros tratamentos como o aumento de atividade física, por exemplo.
O ambiente escolar tem uma relação com esse consumo de bebidas adoçadas, pois representa importante local de venda e consumo de refrigerantes como mostram pesquisas nacionais, com situação especialmente preocupante no Nordeste e no nosso Estado.
A escola é um espaço onde crianças e adolescentes passam grande parte do seu dia, algumas vezes, mais tempo que nas suas casas. Assim, considerando a escola um local de aprendizado formal, mas também de estilo de vida, acredito que limitar a oferta de bebidas adoçadas pode se concretizar numa importante estratégia de prevenção e tratamento de obesidade na infância e adolescência e junto a outros esforços contribuir para melhor qualidade de vida.
Não
Alimentação saudável é tema recorrente na agenda do Sinepe Ceará e das escolas da livre iniciativa. Neste sentido, relembramos o lançamento do Manual das Cantinas Escolares Saudáveis, publicado em 2012, elaborado pelo Ministério da Saúde, com a parceria da Federação Nacional das Escolas Particulares e os Sinepe's. No Ceará, o documento foi amplamente distribuído, tanto às escolas da capital, quanto nos escritórios regionais da entidade. A mudança no hábito das crianças e jovens, a partir das ações nas escolas, melhorou bastante, mas devemos continuar atentos sobre a qualidade nutricional dos alimentos industrializados disponíveis no mercado. O governo tem demonstrado preocupação sobre o elevado número de crianças e adolescentes no Brasil que estão na categoria de obesidade mórbida. Dados apontam que 34,8% (IBGE/POF) das crianças, entre 5 e 9 anos, estão acima do peso recomendado pela (OMS). Fato que remete o envolvimento das famílias, na compreensão que alimentação saudável é decisiva ao bem-estar de todos, em especial, do público em registro.
Com muito empenho, as escolas têm feito sua parte. No entanto, para surtir efeito positivo, é ultra importante a reeducação alimentar a partir do núcleo familiar. Convivência em aniversários, shoppings centers, praias, escolas e os mais diversos ambientes não devem prescindir dos sabores e escolhas criativas da indústria de consumo para garantir os hábitos alimentares individuais e onda coletiva. Esse deve sempre seguir a prescrição e exercício da educação doméstica. Qualidade de vida se aprende em casa.