Logo O POVO+
CONFRONTO DAS IDEIAS
Opinião

CONFRONTO DAS IDEIAS

Edição Impressa
Tipo Notícia

Projeto de lei de autoria do deputado Manuel Duca (Pros), que tramita na Assembleia Legislativa do Ceará, quer proibir a venda de refrigerantes nas escolas cearenses. A medida, caso aprovada, é correta?

 

Carla Soraya Costa Maia
Professora de Nutrição da Uece
Carla Soraya Costa Maia Professora de Nutrição da Uece

Sim

A obesidade tem vários fatores atrelados à sua etiologia. O excessivo consumo de açúcar tem sido apontado como uma das principais causas do aumento da obesidade, e isto, em parte, deve-se ao alto conteúdo de açúcar em bebidas adoçadas como sucos industrializados e refrigerantes.

As bebidas ricas em açúcar relacionam-se ao ganho de peso e aumento do índice de massa corporal (IMC) em crianças e adolescentes. Apresentam-se ainda como aumentado fator de risco para diabetes tipo 2 e demais doenças associadas à obesidade. Soma-se a isso a qualidade nutricional inadequada destas bebidas, em geral, ricas em sódio e pobre nos demais micronutrientes importantes para a saúde de crianças e adolescentes. Dados reforçados por pesquisas também têm mostrado que a redução das bebidas adoçadas é mais efetiva na prevenção da obesidade que outros tratamentos como o aumento de atividade física, por exemplo.

O ambiente escolar tem uma relação com esse consumo de bebidas adoçadas, pois representa importante local de venda e consumo de refrigerantes como mostram pesquisas nacionais, com situação especialmente preocupante no Nordeste e no nosso Estado.

A escola é um espaço onde crianças e adolescentes passam grande parte do seu dia, algumas vezes, mais tempo que nas suas casas. Assim, considerando a escola um local de aprendizado formal, mas também de estilo de vida, acredito que limitar a oferta de bebidas adoçadas pode se concretizar numa importante estratégia de prevenção e tratamento de obesidade na infância e adolescência e junto a outros esforços contribuir para melhor qualidade de vida. 

 

Airton de Almeida Oliveira
Presidente do Sindicato de Educação da Livre Iniciativa do Estado do Ceará
Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sindicato de Educação da Livre Iniciativa do Estado do Ceará

Não

Alimentação saudável é tema recorrente na agenda do Sinepe Ceará e das escolas da livre iniciativa. Neste sentido, relembramos o lançamento do Manual das Cantinas Escolares Saudáveis, publicado em 2012, elaborado pelo Ministério da Saúde, com a parceria da Federação Nacional das Escolas Particulares e os Sinepe's. No Ceará, o documento foi amplamente distribuído, tanto às escolas da capital, quanto nos escritórios regionais da entidade. A mudança no hábito das crianças e jovens, a partir das ações nas escolas, melhorou bastante, mas devemos continuar atentos sobre a qualidade nutricional dos alimentos industrializados disponíveis no mercado. O governo tem demonstrado preocupação sobre o elevado número de crianças e adolescentes no Brasil que estão na categoria de obesidade mórbida. Dados apontam que 34,8% (IBGE/POF) das crianças, entre 5 e 9 anos, estão acima do peso recomendado pela (OMS). Fato que remete o envolvimento das famílias, na compreensão que alimentação saudável é decisiva ao bem-estar de todos, em especial, do público em registro.

Com muito empenho, as escolas têm feito sua parte. No entanto, para surtir efeito positivo, é ultra importante a reeducação alimentar a partir do núcleo familiar. Convivência em aniversários, shoppings centers, praias, escolas e os mais diversos ambientes não devem prescindir dos sabores e escolhas criativas da indústria de consumo para garantir os hábitos alimentares individuais e onda coletiva. Esse deve sempre seguir a prescrição e exercício da educação doméstica. Qualidade de vida se aprende em casa. 

 

O que você achou desse conteúdo?