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Editorial: O perigo dos "falsos médicos"
Opinião

Editorial: O perigo dos "falsos médicos"

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Tipo Notícia

A operação Filhos de Hipócrates, da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), trouxe à tona esquema criminoso que pôs em risco a saúde e o bem-estar da população no interior do Estado. Na última semana, dois estudantes - um do curso medicina e outro de enfermagem - foram presos por se passar por médicos e realizar consultas ilegais nas cidades de Paraipaba e Sobral.

Os "falsos médicos" copiaram da internet números de registros do Conselho Regional de Medicina (CRM) e atuaram em unidades hospitalares realizando atendimentos, numa atitude absolutamente irresponsável, ainda mais se tratando de pretensos profissionais da área de saúde.

A operação inclui, ao todo, quatro mandados de busca e apreensão e quatro de prisão para desarticular o esquema criminoso. Conforme informações publicadas pelo O POVO Online no dia 10 de janeiro passado, os mandados também estão sendo cumpridos nas cidades de Alto Santo, Fortaleza e Tabuleiro do Norte. Policiais civis do Departamento de Inteligência Policial (DIP) e do Departamento de Polícia Judiciária do Interior Sul (DPJI Sul) da PCCE também estão engajados na ação.

Além dos dois estudantes presos, outros dois suspeitos seguem foragidos. São dois homens formados em medicina no exterior, mas sem a revalidação do diploma em solo nacional. Eles devem responder por peculato, estelionato e falsidade ideológica.

A Polícia Civil passou dois meses investigando o esquema de exercício ilegal da profissão, numa apuração que começou após um "falso médico" ser flagrado em um plantão médico de um hospital de Mulungu, no maciço de Baturité, em novembro de 2018. A partir daí, a Polícia descobriu o esquema. O grupo de criminosos atuava em plantões na Unidade de Pronto Atendimento de Baturité entre 2017 e 2019.

É gravíssimo que a população não possa confiar nem mesmo no profissional que deveria ser referência de cuidado num momento delicado. Um plantão precisa estar bem aparado para receber os mais variados casos e essas fraudes fragilizam ainda mais a relação da população com esses profissionais, que precisam estar verdadeiramente integrados a essas comunidades.

Já são muitas as questões nos hospitais envolvendo pontos como falta de recursos para compra de insumo, leitos insuficientes, questões como manutenção de convênios por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros. Portanto, é inconcebível que a população tenha de se preocupar com a veracidade do diploma dos profissionais ali presentes.

Na busca por desarticular de vez o esquema, a Polícia mantém as buscas por foragidos e possui canal aberto para que a população possa colaborar com as investigações por meio do Disque Denúncia (85) 99921-8236. 

 

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