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Editorial: Porto do Pecém: acesso atribulado
Opinião

Editorial: Porto do Pecém: acesso atribulado

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Tipo Notícia

O transporte pesado de cargas para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) tem esbarrado num problema estrutural provisório: o mau estado do trecho (CE-155) que liga a BR-222 ao terminal. Tudo por causa das obras de duplicação do acesso, em andamento há cinco meses. Um transtorno incontornável que produz uma queda de até 40% na produtividade dos 3,5 mil veículos que aí trafegam diariamente, resultando em 35% de aumento nos custos do setor. Entram na conta: aumento no tempo da viagem, desgaste material dos veículos, redundando em reposição de peças, maior consumo de combustível e pneus, além do maior gasto com lubrificação, dentre outros.

Daí se deduz que é imperativo concluir a obra no prazo mais curto possível (a estimativa é dezembro). São apenas 20 quilômetros de extensão, mas exigem uma operação complexa: recuperação das vias já existentes e a duplicação da estrada, com a construção paralela de outra via. Ou seja, a atual via, com oito metros de largura e dois sentidos se transformará em duas vias com nove metros. Tudo deve ser feito sem interditar o intenso tráfego.

Ademais, é preciso compatibilizá-la com o ritmo da produção das indústrias, para que não percam o prazo da entrega de seus produtos através do Porto. Mais: é necessária a contribuição dos empresários que ali têm terras porque parte das ações envolve mexer em postes e adutoras. O investimento é de R$ 72 milhões, com recursos do Tesouro do Estado e do Governo Federal, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Infelizmente, as coisas não ocorreram como o previsto: a reestruturação do trecho foi licitada ainda em 2014 e o contrato, assinado em 2017 com a empresa encarregada da obra. Contudo, em agosto passado, esta se declarou impossibilitada de fazer o trabalho. Outro consórcio foi chamado. Isso não deixou de impactar no ritmo.

Agora, é concentrar os esforços para que o novo prazo de entrega seja efetivado. As exportações e importações, através do Cipp, têm importância estratégica fundamental para a economia cearense e é vital que o complexo se torne uma referência para o Brasil e para o comércio internacional, como um equipamento de alto teor competitivo.

A urgência da conclusão das obras tornou-se ainda mais imperativa após formalização da participação do Porto de Roterdã na gestão conjunta do Cipp. O acordo de investimento é um passo para a consolidação do Porto do Pecém como um centro de conexões (hub) de cargas marítimas. Com isso, o Ceará consolida um tripé de hubs: o aéreo, o de dados na área de telecomunicações e, agora, o marítimo.

Torcer para que tudo ocorra nos prazos previstos e não falte suporte para sua conclusão, mobiliza os que têm noção de sua importância estratégica. 

 

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