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Thiago Augusto Lima Alves: A (in)visibilidade trans no Brasil
Opinião

Thiago Augusto Lima Alves: A (in)visibilidade trans no Brasil

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Thiago Augusto Lima Alves
Membro da Comissão da Diversidade Sexual e Gênero da OAB-CE
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Thiago Augusto Lima Alves Membro da Comissão da Diversidade Sexual e Gênero da OAB-CE

No dia 29 de janeiro de 2004, um fato marcou as discussões acerca da concretização dos Direitos Humanos LGBTI . Pela primeira vez, travestis e transexuais ocuparam lugar ativo no Congresso Nacional em prol da conscientização dos parlamentares acerca das lutas T, bem como, tiveram a oportunidade de lançar uma campanha de humanização chamada Travesti e respeito: já está na hora dos dois serem vistos juntos. Este evento modificou o calendário de pautas LGBTI , resultando na criação do Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Já se passaram 16 anos da primeira data até hoje, e a ampliação do discurso em prol das pessoas trans e travestis já é uma realidade, todavia, a marginalização e as baixas perspectivas de vida ainda obstam o alcance de direitos e políticas públicas voltadas às pessoas transexuais e travestis.

Estas pessoas são expostas à exclusão social e familiar, à evasão escolar e ao sistema de subemprego como meio de subsistência. Além disso, a inexistência de dados oficiais sobre a quantidade de transexuais e travestis acabam por dificultar a implementação de políticas públicas, que combatam as desigualdades e efetivem os direitos humanos.

O Brasil é o primeiro lugar no ranking de assassinatos de transexuais no mundo, conforme o último relatório publicado pelo Transgender Europe (TGEU), instituição que monitora os casos de homicídios de pessoas trans pelo mundo, através dos dados noticiados à mídia e às instituições pró-LGBTI .

A partir do panorama da precarização da cidadania travesti e trans, se faz necessária à implementação de um treinamento mais humano e empático aos profissionais de gestão e segurança pública, uma vez que o sistema de subnotificação da violência só pode ser combatido se a LGBTIfobia institucionalizada for suprimida com igual afinco.

O dia 29 de janeiro, apesar dos desafios, deve ser comemorado, servindo para lembrar as atuais reivindicações: respeito ao nome social, acesso à educação e mercado formal de trabalho, o ingresso aos banheiros de acordo com o gênero e a penalização dos crimes de ódio. 

 

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