Logo O POVO+
Fernando José Pires de Sousa: Colação de grau na UFC: rejeição ao reitor
Opinião

Fernando José Pires de Sousa: Colação de grau na UFC: rejeição ao reitor

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Fernando José Pires de Sousa
Professor da Universidade Federal do Ceará e coordenador do Observatório de Políticas Públicas
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Fernando José Pires de Sousa Professor da Universidade Federal do Ceará e coordenador do Observatório de Políticas Públicas

As cerimônias de conclusão dos cursos da Universidade Federal do Ceará, de 14 a 24 de janeiro, revelaram que a voz de professores, alunos e servidores é uma força democrática e soberana ao desmascarar a legitimidade do exercício da função do atual reitor Cândido Albuquerque e das nomeações por ele realizadas. Revela-se, assim, uma situação esdrúxula de uma função legalmente preenchida, mas que carece de legitimidade, pelo voto e por aclamação. De fato, ele foi o menos votado na instituição, com apenas 610 votos (4,6% do total), sendo o terceiro colocado de uma lista tríplice, mas escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro em desrespeito ao candidato mais consagrado.

Este sufrágio mostrou os meios que contrariam princípios democráticos, de se alçar ao nobre posto de dirigente maior de uma instituição pública, como as universidades federais, sucumbem quando expostos a eventos que não podem ser legalmente evitados ou "escondidos", como foram os com cerca de 3.100 concludentes da UFC.

Os que procuraram imputar a segmentos ideológicos de esquerda como autores dos protestos foram ridicularizados pela manifestação dos formandos e familiares que, de forma uníssona, vaiaram sempre que o atual reitor iniciava as cerimônias, inclusive com palavras de ordem, como "fora interventor". Isto foi demonstrado por todos os cursos, das ciências exatas aos das ciências da saúde, sociais e humanas.

Dessa forma, não podendo se "livrar" de tais vexames, as cerimônias foram abreviadas para não mais de 10 minutos, suprimindo falas de representantes de discentes e docentes, contrariando ainda um momento tão esperado ao longo de anos, por concludentes e familiares.

Os que lutam pela universidade pública sentem-se felizes por esta magnífica demonstração dos formandos, cujos anos de aprendizado lhes abriram os olhos contra desmandos que maculam a vida brasileira, como o atual momento de "obscurantismo" político-administrativo da Nação. Que estas manifestações sirvam de estímulo a outros segmentos da sociedade na busca por, além de resistir, realmente livrar o País dos retrocessos a que está submetido. 

 

O que você achou desse conteúdo?