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Renata Camargo: Onde o clima vai parar?
Opinião

Renata Camargo: Onde o clima vai parar?

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Tipo Notícia Por
Renata Camargo
Especialista em conservação do WWF-Brasil
 (Foto: Rômulo Juracy)
Foto: Rômulo Juracy Renata Camargo Especialista em conservação do WWF-Brasil

Uma cidade com ilhas de calor, inundações frequentes e uma atmosfera com excesso de CO² que pode agravar problemas de saúde como doenças respiratórias e epidemias de dengue. Esse é o retrato do que impactos cumulativos de danos ambientais e aumento de temperatura global têm causado na cidade de Fortaleza. As notícias de inundações e recordes de calor na capital revelam uma realidade de muitas cidades brasileiras: cada vez mais, teremos que enfrentar e nos adaptar a um contexto adverso em termos de extremos climáticos.

As pessoas que vivem na periferia são as mais vulneráveis aos efeitos de mudanças do clima. Se pensarmos que Fortaleza é uma das cidades do Nordeste com a maior população vivendo em favelas (segundo IBGE são mais de 390 mil pessoas), podemos concluir que o agravamento dos riscos climáticos em regiões metropolitanas perpassa não só a precarização da qualidade de vida, mas também representa um risco à própria vida. Modos de vida que levam a um consumo desenfreado, modelos de produção que advém do uso predatório de recursos naturais e aumenta as emissões de gases de efeito estufa são raízes do problema.

Em áreas costeiras, como é o caso da cidade de Fortaleza, povoamentos urbanos em crescimento afetam, inclusive, a habilidade natural dos próprios sistemas costeiros em responder efetivamente a eventos climáticos extremos, aumentando a vulnerabilidade. Este é um dos problemas que tem ocorrido ao longo do litoral brasileiro por múltiplas causas, podendo decorrer em parte da elevação do nível do mar.

É emergencial a adoção de ações voltadas à redução de desastres naturais e ao aumento de resiliência do meio ambiente e das comunidades urbanas. A implementação de um plano de adaptação consonante com a realidade local é fundamental. Entre as medidas de adaptação estão a prevenção de extremos de tempo, clima e ressacas, desenvolvimento de infraestruturas resilientes e gestão integrada dos recursos naturais. A ampliação de áreas protegidas também é fundamental.

Para além disso, é preciso olhar o todo a partir de uma visão sistêmica de políticas de desenvolvimento urbano que tratem os problemas atuais de forma interconectada. Fortalecer a atuação da sociedade civil em processos de transformação e buscar um modelo de desenvolvimento menos predatório. 

 

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