Os gastos públicos com o Carnaval passam por duas questões: a legalidade e o interesse público. A gestão pública deve ter a previsão orçamentária e efetuar a despesa de acordo com a lei e sempre em razão do fim público. Logo, quem deve decidir se realiza ou não gastos com o Carnaval é o prefeito eleito em cada município, observada a discricionariedade e os limites da lei (aprovada pelo Legislativo, que não deve admitir rubricas abertas ou genéricas). Críticas haverá, o que é salutar. Daí dizer que, se o prefeito tem à sua disposição o recurso para gastar, é porque foi autorizado pelos vereadores, donde se conclui que as críticas tardias de opositores sugerem em sua maioria falácias, pois a precária questão financeira dos municípios é conhecida.
Diante das agruras das contas públicas, o evento carnavalesco deve ser visto como investimento, a depender do fluxo turístico dos municípios e do inegável ganho econômico com geração de renda, o que ultrapassa o "reinado do Momo". Os gastos com "eventos" - o Carnaval não foge à regra - são um campo fértil para as escaramuças de gestores mal intencionados, dadas as dificuldades em controlar a execução (cartas de exclusividade, empresas sem condições técnicas, quantitativos utilizados). A liberação de verbas às vésperas dos eventos é um facilitador ao desvio, o que pode ser evitado ou minorado com previsões orçamentárias por todo o ano, como se fez este ano em Fortaleza com as "Oficinas de arte e realização de ações permanentes de cultura".
Todo e qualquer dispêndio executado pelo erário pode e deve ser acompanhado pela sociedade como forma democrática de participação social e garantia de maior controle sobre as ações governamentais. Quanto a desvios de recursos praticados por maus gestores, cabe aos órgãos de controle interno (caso existam de fato) e externos (Legislativo, TCE e MPE) agirem. Não basta ser contrário aos eventos e lançar vitupérios aos gestores por priorizar questões orçamentárias ou morais simplesmente por não concordar. É preciso refletir cada caso e fiscalizar sempre.