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Luizianne Lins: Alucinados, cínicos e espertos
Opinião

Luizianne Lins: Alucinados, cínicos e espertos

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Tipo Notícia Por
Luizianne Lins
Deputada federal (PT–CE)
 (Foto: Paulo Winz)
Foto: Paulo Winz Luizianne Lins Deputada federal (PT–CE)

A certeza da loucura do grupo que assumiu o governo me veio outro dia durante uma discussão com um deputado durante a CPMI das Fake News. Ele, um desses bolsonaristas "de raiz", gritava de pé que era verdade, sim, que Leonardo DiCaprio ajudava nos incêndios da Amazônia. Veias saltando no pescoço, olhos esbugalhados, vociferava: "Tá duvidando por que? Só por causa daquele rostinho bonitinho dele ?!".

A primeira impressão, de fato, é de loucura. Mas é uma loucura cínica e esperta.

É uma loucura que diz que vai ser bom para os índios e que eles se tornarão mais parecidos com seres humanos, com suas terras entregues ao agronegócio e às grandes mineradoras internacionais. É o cinismo de dizer que é melhor um emprego sem direitos do que não ter emprego nenhum, como se as duas coisas fossem incompatíveis. Ou de justificar o corte em recursos para universidades sob o argumento de que elas vivem em balbúrdia.

É a esperteza de esbravejar que "nossa bandeira jamais será vermelha!" e entregar às multinacionais nossas refinarias e reservas do pré-sal. É entregar nossos sistemas públicos de dados - Serpro e Dataprev - mais Eletrobrás, Chesf, Correios e Casa da Moeda. E até facilitar a compra de terras por estrangeiros. "Y love you, Trump", disse Bolsonaro, recentemente.

Cinismo e esperteza de manipular fé e religião. Estimular ódios e preconceitos com discursos em defesa das famílias, enquanto protegem e se relacionam com milícias assassinas, contratam laranjas e aprovam medidas que só vão aumentar a miséria da maioria das famílias.

Uma loucura também incompetente. Que o digam os quase dois milhões que aguardam há mais de cinco meses suas aposentadorias e os mais de cinco milhões de inscritos no último Enem.

Cabe a nós, agora, lutar para sair das trevas e voltar à luz. A luz e a Razão (assim, com "R"maiúsculo) não estão na defesa da ditadura ou no elogio da tortura. Mas, sim, na liberdade, na participação popular e na defesa dos direitos de todos os seres humanos. Elas estão na tolerância, na defesa do meio ambiente. Em um sistema social solidário que garanta renda mínima e direitos sociais para todas e todos. Nossa tarefa está em organizar o povo para isso. 

 

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