Há muito tempo ouvimos que é necessário empreender. Seja no desenvolvimento dos negócios ou na própria carreira, conseguir antever as transformações, ter coragem de correr riscos e antecipar-se aos acontecimentos são passos que podem definir a permanência ou não no mercado.
Lembro o quanto foi difícil a decisão de, ainda na década de 1960, deixar minha terra natal - Sergipe - e partir para Pernambuco a fim de criar um supermercado que fosse diferente das operações até então vistas e aprovadas pelo consumidor. O momento econômico era outro, o nível de concorrência também, mas a necessidade de inovar para se diferenciar e sair na frente era a mesma.
O ponto de atenção hoje é que a economia exige maior rapidez de reação. Com mercados cada vez mais abertos e um alto nível de interação com os clientes, é preciso saber ouvir, entender a tendência e desapegar dos modelos de negócios já estabelecidos. Esse último ponto, aliás, é o grande desafio de todos nós, empresários ou executivos. Ter a capacidade de se reinventar e se adaptar aos novos momentos é fundamental para a sustentabilidade de cada um.
Nesse aspecto, a palavra inovação anda lado a lado impulsionando o empreendedorismo. Mesmo que muitas pessoas associem mais fortemente inovação às questões tecnológicas, o ato de inovar não necessariamente vem junto com tecnologia.
Mudar a forma de realizar as ações, repensar a oferta de serviços e, sobretudo, oferecer o que o consumidor nem sabe que deseja é inovação na sua essência. Ter a capacidade de lançar o olhar adiante e estabelecer as ações para chegar até lá é empreender e inovar juntos. "Revisitar" a própria empresa ou as atividades diárias do colaborador é abrir a porta da inovação.
Após sair do setor de supermercado, entramos mais fortemente no segmento de shopping centers, onde hoje atuamos com 11 empreendimentos e nos posicionamos como o quarto maior grupo do País em área bruta locável própria (área de venda). O varejo físico passa por muitas transformações e vem competindo diuturnamente como novas formas de consumo. Apesar disso, com grande esforço, seguimos elevando o fluxo de pessoas nos shoppings nos quatro estados onde estamos presentes (Pernambuco, Bahia, Sergipe e Ceará). Remetemos isso às novas maneiras de nos relacionarmos com os clientes, oferecendo espaços de convivência, ao contrário de esperarmos que apenas as lojas atraiam o consumidor para compras.
A capacidade de antever as necessidades que vão reger o mercado é empreender. Claro que, em meio às tentativas, erros serão cometidos. Desbravar espaços ou formas de relacionamento é - e sempre será - um risco. Mas é um risco necessário. Ficar parado no tempo apegado a um modelo, sem oxigenar as ideias e identificar as demandas é a certeza de que, em pouco tempo, será ultrapassado.
A realidade atual exige maior atenção nessa movimentação, mas não deve impedir que ela aconteça. Em tempos de economia mais incerta, onde a retomada ainda segue em marcha lenta, é preciso elevar a atenção na hora de inovar, com melhor análise dos cenários. Mas nunca impedir que as transformações adormeçam. Pelo contrário, a capacidade de resposta atual deve ser ainda maior.