O Brasil registra a primeira morte pela Covid-19, em São Paulo (o paciente era homem e tinha 62 anos). No mundo todo, o vírus já matou mais de 6.500 pessoas. Enquanto isso, a sociedade cearense e a nacional ainda tentam verificar o alcance das medidas destinadas a enfrentar a situação, baixadas pelos governos estadual e federal. No caso do Ceará, foi decretado o estado de emergência na saúde pública estadual. Por sua vez, o governo federal anuncia um pacote no valor de R$ 147,3 bilhões para minimizar os efeitos econômicos e sociais do vírus. Simultaneamente, o País ainda discute a insuficiência das determinações de isolamento social. A crítica alinha-se a outras que apontam as contradições internas do governo federal.
No âmbito estadual, o governo Camilo Santana anunciou a suspensão das aulas em escolas e universidades públicas a partir da próxima quinta-feira (19), por 15 dias, além da imediata proibição de eventos com mais de 100 pessoas, apoiados por ente público. Responsavelmente, determinou que as escolas públicas forneçam às famílias, cujos filhos dependiam das refeições nesses estabelecimentos para se alimentarem, as rações que seriam destinadas a esse fim. A expectativa é a de que as autoridades não tenham vacilações, se for preciso tomar medidas de isolamento social mais drásticas.
Já, em termos de governo federal, a verba de R$ 147,3 bilhões é uma tentativa de dar fôlego à economia enquanto o País passa pela crise do coronavírus. Tudo acompanhado de várias medidas que vão da antecipação do 13º salários para aposentados do INSS, diminuir à metade a fila do Bolsa Família e ajudar pequenos negócios, e outras. O bom senso indica que as reformas devem ser suspensas, pelo menos por agora. E sejam levantadas todas restrições orçamentárias que possam obstaculizar o combate decidido à pandemia.
O mais preocupante é que o Planalto, por supostas razões políticas e ideológicas, parece estar enfraquecendo a atuação do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, cujo trabalho tem-se revelado de bom prumo. A intriga é para substituí-lo pelo contra-almirante da reserva Antonio Barra Torres, chefe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O mesmo que está sendo alvo de protestos dos funcionários do órgão por ter estado ao lado de Bolsonaro na ocasião em que este, rompendo as normas sanitárias, confraternizou com manifestantes, sob o aval do chefe da Anvisa.
A impressão no Exterior é a de que o Brasil ainda não compreendeu a gravidade da pandemia. Internamente, uma parte cada vez maior de brasileiros tem a percepção inequívoca de que o atual presidente da República precisa rever com urgência suas posturas como governante maior da Nação.