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Maria Vilauba Fausto Lopes: Tecnologia auxilia na adoção de crianças
Opinião

Maria Vilauba Fausto Lopes: Tecnologia auxilia na adoção de crianças

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Maria Vilauba Fausto Lopes
Desembargadora e presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará
 (Foto: Acervo TJCE)
Foto: Acervo TJCE Maria Vilauba Fausto Lopes Desembargadora e presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará

As estimativas apontam que hoje existem mais de cinco milhões de aplicativos disponíveis para celulares e computadores. São ferramentas que ofertam diversos serviços no mundo, sendo as mais interessantes as que aproximam as pessoas, conectam indivíduos fisicamente separados por milhares de quilômetros, captam sorrisos e enviam abraços em tempo real e são capazes de transmitir a energia das emoções entre pessoas que jamais se viriam pessoalmente se não fosse tal recurso.

O Judiciário não poderia deixar passar despercebida a possibilidade de utilização dessas ferramentas a favor das mais de oito mil crianças e adolescentes que se encontram nos acolhimentos do Brasil aguardando uma família.

Cerca de 42 mil famílias estão habilitadas e na fila para uma adoção. O grande desencontro é que mais de 75% dessas crianças e adolescentes têm mais de cinco anos, ou possuem irmãos, portanto fora do perfil para os inscritos. É comprovado que a adequada divulgação de imagens, áudios, vídeos e informações, devidamente monitoradas pelo sistema de Justiça, sobre crianças/adolescentes com poucas ou nenhuma chance de serem adotados, desperta a empatia, cativa, emociona, induz a uma reflexão àqueles que estão na fila aguardando adoção, principalmente quem deseja uma criança de até cinco anos, hoje um percentual de mais de 45% dos pretendentes.

É certo que o Judiciário respeita o perfil de cada pretendente, e defende que este deve ser legítimo, sincero e corresponder com a idealização de cada candidato a pai/mãe. Porém, é certo que o filho ideal não existe. Quem deseja ter um filho, seja por adoção ou por gestação, ou qualquer outro método, precisa estar preparado para lidar com frustrações, medos, insegurança, com as doenças, acidentes e outras adversidades.

A proposta de inserir o perfil de crianças/adolescentes em uma base de dados, para os apresentarem, exclusivamente, às famílias que estão aguardando um filho, é uma possibilidade de dar visibilidade de seres humanos ao que hoje é apenas um número de uma ficha de acolhimento. O aplicativo transforma esse número em uma pessoa viva, que sorri, brinca, estuda e sonha, dando aos acolhidos, a oportunidade de expressar suas emoções para o mundo que os aguarda lá fora. 

 

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