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Editorial: Covid-19: corrida para evitar explosão social
Opinião

Editorial: Covid-19: corrida para evitar explosão social

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Tipo Notícia

Uma pesquisa do Data Favela, cujos dados foram publicados em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, apontou que após apenas uma semana dentro de casa, em quarentena contra a pandemia, 72% da população favelada (13,6 milhões de pessoas) não tem renda para comprar itens básicos como alimentos. Isso porque quase metade dos trabalhadores que vivem em favelas são autônomos (47%) e 8% são informais, sem suporte da legislação trabalhista (que já foi extremamente devastada pela MP baixada pelo presidente Jair Bolsonaro). Se tomar outras faixas da população que vivem de "bicos" são cerca de 80 milhões de brasileiros. Se não forem tomadas medidas urgentes para contemplar esse público, especialistas preveem uma explosão social de consequências devastadoras, sem qualquer alarmismo.

A Nação vive um momento de urgência no que tange ao gerenciamento da crise. Apesar de ter perdido um tempo enorme, pode superar o bate-cabeças atual entre o Executivo federal e os demais entes federados (estados e municípios e distrito federal) e entre dirigentes da saúde e da economia, na própria cúpula decisória, e entre os demais poderes da República - sem falar na marginalização prática da comunidade científica nacional. E pode fazer das atuais circunstâncias uma oportunidade para o País refazer seus caminhos e aproveitar os potenciais de que dispõe para retomar o lugar de destaque e respeito na comunidade internacional. Não se trata de mágica, mas de usar as ferramentas de tecnologia social exclusivas de que dispõe para navegar nessa situação emergencial.

Certo, há a necessidade imperativa de implementar as medidas sanitárias, das quais o isolamento social é fundamental. Há uma falácia espalhada contra essa medida por um grupo de empresários que veem a realidade apenas pelo antolho de seus interesses segmentais. Ou, por acaso, desconhecem que a letalidade dessa epidemia está, sobretudo, na falta de condições do sistema de saúde em dar conta do atendimento, se todos forem contaminados ao mesmo tempo?

Mas, há também a urgência de evitar a explosão social, pois o estômago dos sem renda não espera (a pior situação é a do povo de rua). A ninguém deve ser oferecida a escolha de Sofia: morrer pelo coronavírus ou morrer de fome. Primeiro, salvar vidas, depois a economia. Esta pode ser reerguida, mas a vida, depois de perdida, não tem volta.

Felizmente, o Brasil dispõe de tecnologia social exclusiva com várias ferramentas. Dentre elas, o Cadastro Único, que pode localizar essas faixas sem renda, imediatamente, e oferecer-lhes uma renda mínima no valor de um salário mínimo até que a crise se encerre. E um Sistema Único de Saúde referencial no mundo, além de um corpo de cientistas cujo valor já foi comprovado em outros desafios. O que falta é liderança nacional.

 

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