Logo O POVO+
Valdelírio Soares: Pequenos líderes & Grandes problemas
Opinião

Valdelírio Soares: Pequenos líderes & Grandes problemas

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Valdelírio Soares
Empresário
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Valdelírio Soares Empresário

Junto com os tristes efeitos da pandemia de Covid-19, estamos sofrendo também os efeitos de outra pandemia que há alguns anos assola o mundo: o populismo. A infestação de inúmeros países por líderes egocêntricos e despreparados que se elegem pelas vias democráticas dizendo aos seus eleitores aquilo que querem ouvir e não aquilo que eles precisam ouvir. Iludem, não iluminam. Propõem soluções fáceis para problemas complexos, soluções essas que costumeiramente apontam para um culpado, preferencialmente um inimigo externo ou um conspirador interno, nunca para nós mesmos.

Atualmente, o efeito mais deletério dessa pandemia pré-existente é amplificar os da atual. Acompanhando ao longo das últimas semanas o noticiário em diversos países, pude observar um comportamento comum a quase todos esses líderes: primeiro vem a negação, quando eles minimizam ou mesmo desdenham de um problema de proporções potencialmente catastróficas. Algo como ver um enorme tsunami se formando no horizonte distante, dar com os ombros e dizer ''é só uma marolinha". O clima, o caráter do "nosso povo" a nacionalidade de Deus, tudo conta, menos a ação. Num segundo momento, quando já se materializam os primeiros impactos, eles fogem cinicamente para o território da ilusão, onde apegam-se à quimera de uma solução fácil e indolor como a tal cloroquina que muitos brandiram como a panaceia. Enquanto isso, líderes locais de menor "patente", mas realistas pela necessidade, começam a tomar decisões que, à princípio seriam esperadas do "grande líder" e os tais grandes líderes, sentindo-se usurpados no seu poder, resolvem à contragosto agir, ainda que hesitantes. No terceiro momento, eles perdem a memória, mudam o discurso e correm para os braços da improvisação. Que triste rima.

Atitudes de prevenção e ações que poderiam ter sito tomadas há bem mais tempo passam ser adotadas às pressas, sem nenhum planejamento e com muito amadorismo. Faltam hospitais, pessoas treinadas, testes, processos, máscaras, respiradores e até o simples álcool gel. Itens que agora são, quando encontrados, comprados a preço maiores porque todos os "grandes líderes" concorrem por eles. O despreparo e a hesitação desses líderes roubam do seu povo um tempo precioso que se esvai em formas de vidas ceifadas, empresas e empregos destruídos, muito sofrimento e traumas psicológicos.

Como prevenir essas epidemias que de tempos em tempos acometem a humanidade? A do vírus deixo a pergunta aos especialistas. À do populismo proponho um remédio ao alcance de muitos: votarmos como cidadãos e não como torcedores de um time futebol. Quando vamos contratar alguém para trabalhar para nós verificamos atentamente a qualificação, o histórico profissional e julgamos a adequação à missão. Por que quando vamos "contratar" alguém para dirigir o futuro das nossas nações, estados ou cidades abdicamos do conhecimento e da razão, entregando-nos inteiramente aos caprichos da emoção?

As decisões dessas pessoas influenciam definitivamente as nossas vidas e até as nossas mortes. Por que improvisamos?

Quarentena para pensarmos. 

 

O que você achou desse conteúdo?