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Editorial: Não estocar alimentos impedirá alta de preços
Opinião

Editorial: Não estocar alimentos impedirá alta de preços

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Tipo Notícia

Pressão inflacionária nos itens da cesta básica alimentar, registrada em março, pôs em alerta os órgãos encarregados de acompanhar a evolução da economia. O balanço final do mês, de acordo com Índice de Preço ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE FGV), foi de 0,34%. A causa estaria relacionada com a estocagem de alimentos realizada pelos consumidores, diante das apreensões geradas pelo alastramento da pandemia da Covid-19.

O reflexo de estocar, apesar de ser quase instintivo logo que se declara uma crise na estrutura social, termina sendo contraproducente, pois força a falta de produtos nas prateleiras, fazendo aumentar os preços. Tudo isso sem razão, já que desde o início, os supermercados avisaram que o abastecimento está garantido.

É certo que o isolamento social em razão do novo coronavírus gera mudanças de hábitos que repercutem na economia doméstica, já que as pessoas consomem mais alimentos, por só comerem em casa. O que aumenta também o consumo de água e energia elétrica. Isso impacta no bolso, sobretudo no das pessoas de baixa renda. Assim, antes mesmo de se entrar nas medidas econômicas protetivas para dar meios às pessoas para se sustentarem, é preciso evitar comportamentos que possam provocar a subida dos preços, irrefletidamente: a mais simples e de alcance mais imediato é evitar estocar alimentos.

A reposição das despensas caseiras deve ser feita da forma normal, à medida em que os produtos vão sendo consumidos, seguindo a rotina de sempre. Nada de correrias aos pontos de vendas, nem sofreguidão para adquirir os produtos. Deve-se ter em conta que a produção continua no campo, onde é possível trabalhar em espaços abertos e mantendo o distanciamento social. Ou seja, os produtores de alimentos continuam suas tarefas, garantindo os produtos para as mesas dos brasileiros. Não haveria o que recear dessa parte, segundo as autoridades. Sozinho, o componente alimentação não é suficiente para acelerar a inflação, se as pessoas forem racionais e se autoabastecerem normalmente, como antes da pandemia. Sem correrias aos supermercados.

Fazer o contrário disso geraria um desequilíbrio que afetaria a todos, mas, principalmente, as famílias mais pobres. No mais, é preciso redobrar os cuidados, quando for necessário deixar o isolamento para comprar alimentos, remédios ou outro item necessário. Guardar o distanciamento social, não se aglomerar, usar máscara caseira, deixar os sapatos do lado de fora da residência, desinfetar os produtos, descartar os sacos de embalagem e lavar as mãos com sabão e, se puder, com álcool em gel, depois de tocar em algum objeto ou maçaneta da porta, mudar a roupa que usou para sair, são exigências imperativas e podem significar a escolha entre a vida e a morte. 

 

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