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Francisco Herlânio Costa Carvalho: Gestação em tempos de coronavírus
Opinião

Francisco Herlânio Costa Carvalho: Gestação em tempos de coronavírus

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Francisco Herlânio Costa Carvalho 
Professor de Medicina da UFC e chefe do serviço de Medicina Fetal da Meac/UFC/Ebserh
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Francisco Herlânio Costa Carvalho Professor de Medicina da UFC e chefe do serviço de Medicina Fetal da Meac/UFC/Ebserh

Ainda não esquecemos a catástrofe da epidemia de zika, já temos a pandemia da Covid-19 e o pesadelo dos riscos para a gestação. Ainda não houve muitos nascimentos nesta crise e sabidamente a gestante passa por muitas alterações no organismo, incluindo aumento da coagulação e baixa na imunidade, que podem agravar quadros.

O momento é de cautela e compromisso, não de pânico. Estudos iniciais sugeriam não haver passagem da mãe para o bebê na gravidez. Não foi detectado vírus em placenta ou líquido amniótico nas pesquisas chinesas. Porém, casos de neonatos supostamente infectados antes de nascer já foram publicados.

Os casos graves parecem ser semelhantes em frequência à população de mesma faixa etária. Mas o grupo de alto risco por hipertensão, diabetes, cardiopatias ou doenças pulmonares deve redobrar a atenção. Grávidas de baixo risco devem manter pré-natal com exames e medicamentos habituais, incluindo vacinação de H1N1. Se houver infecção confirmada, devem ser garantidos ultrassom morfológico e avaliação de crescimento e vitalidade fetais.

A melhor saída é o "distanciamento social". Se tiver complicação obstétrica, como sangramento ou perda de líquido, procure a maternidade. Se tiver síndrome gripal vá aos locais de referência. Evite automedicação e fique atenta a sinais de gravidade: febre, tosse e falta de ar. Antecipar o parto, como cesariana agendada, não está indicado. As maternidades estão preparadas para garantir o melhor para mães e bebês. Como o vírus não foi encontrado no leite materno, amamente com cuidados redobrados (higienize mãos e mamas e use máscara).

Nos dias 4 e 5 de abril houve as primeiras mortes maternas, nos obrigando o alerta que devem ser encaradas nos grupos de risco as gestantes com patologias preexistentes e aquelas no puerpério, especialmente se o parto ocorreu sob infecção sintomática; e, obviamente, as gestantes profissionais de saúde, que devem ser afastadas de ambientes insalubres.

Evite falsas notícias. Procure as equipes de saúde e busque informações confiáveis. Hora de alerta, sem desespero. Faça sua parte. Isso também vai passar. 

 

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