Essa pandemia, apesar de muito peculiar a situação, é uma das tantas doenças recorrentes das grandes cidades, das superpopulações. Acredito que faz parte de um mecanismo autorregulátório da própria natureza, dos quais estamos suscetíveis e vulneráveis como qualquer outra espécie do planeta.
Desde de que nos "urbanizamos", criamos ambientes artificiais para viver e perdemos a conexão com a natureza. Ou melhor, nos distraímos na percepção de que somos parte da natureza, não existe essa separação. Esse esquecimento traz malefícios para o meio ambiente e para o ser humano, naturalmente.
Vamos avaliar como temos vivido: nos últimos anos o suicídio tem sido tratado como epidemia mundial, e as doenças ligadas a obesidade tem matado muito mais do que a Covid-19. Mas temos agora a oportunidade de ver, como essa pandemia está nos mostrando mais enfaticamente, as consequências da insustentabilidade do sistema ao qual criamos. A pandemia está mudando não só o modo de ver da maioria das pessoas (digo a maioria, porque tem uma parcela que já estava alerta e avisada sobre esses riscos a tempos), mas também está nos obrigando a encontrar novas saídas para nossa viabilidade. Ela é mais eficiente nesse aspecto, porque não só ameaça a vida, mas principalmente o modo de vida das pessoas.
As cidades nunca vão deixar de existir, assim como a economia também não vai padecer e nossas vidas vão continuar, contudo a natureza ordena a nos adequar. Não vai ser fácil, mas a natureza não é fácil. E dizer como as cidades vão se adaptar, é simples. Temos todo o conhecimento e tecnologias disponíveis para tal. A mudança de chave é se estaremos dispostos a desapegar do nosso egoísmo, na nossa fixação pelo crescimento econômico e dos nossos impulsos de consumo.
A cura para as cidades e a autonomia sobre a nossa saúde está no poder de colaboração de todos para reduzir as desigualdades sociais e os danos ao meio ambiente. E todas essas ações vão ser visíveis nas cidades, sentidas no corpo e trará de volta a lembrança de que fazemos parte do bioma mais perfeito que existe, a Terra.