O Estado do Ceará vem apresentando crescimento pujante nos últimos anos, ganhando destaque no cenário nacional como um Estado empreendedor e inovador. Nossa favorável posição geográfica, alinhada a uma estável e comprometida política pública de desenvolvimento, nos permitiu importantes conquistas, seja pela atração de indústrias com viés exportador, seja pela exploração sustentável de nossas belezas naturais.
Conseguimos, em poucos anos, aumentar substancialmente a quantidade de voos internacionais, ampliamos rotas marítimas e implantamos uma importante infraestrutura para a atração de data centers globais, formando dessa forma a conhecida trinca de hubs: aéreo, marítimo e de dados. Foram criadas condições para que o Estado apresentasse um crescimento superior ao nacional, explorando dessa forma suas vantagens comparativas.
A mesma conectividade global que alicerçou essa franca expansão, entretanto, nos colocou em uma maior exposição ao risco, pois nos tornamos uma importante porta de entrada de novos agentes patogênicos, como é o caso da Covid-19, que se alastrou em nosso Estado de forma sorrateira, colocando-nos entre os campeões nacionais em casos diagnosticados, expondo dificuldades no controle de sua disseminação e capacidade de atendimento.
É certo que passaremos por esse surto de forma mais rápida e com menos perdas de vidas quando comparado a epidemias que assolaram a humanidade no passado, mas a forma como nos relacionamos, local e globalmente, sofrerá alterações estruturais. Países adotarão práticas protecionistas, acordos comerciais serão revistos e fluxos de negócios serão alterados. Qualquer possibilidade de análise ou previsão de indicadores macroeconômicos estarão diretamente relacionados com o período de lockdown, a ser adotado nos países e regiões, que naturalmente irá afetar a cadeia global de suprimentos.
Por diversas vezes, mudanças são tão vastas e repentinas que se torna difícil encontrar oportunidades, apesar do desastre. O momento atual possivelmente causará a mais brutal recessão da história moderna, e atingirá a todos indistintamente. Mas a resiliência e capacidade de inovação do povo cearense serão um importante vetor para a retomada do crescimento da economia no Ceará.