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Eloisa Vidal: Tecnologias, sim; educação a distância, não
Opinião

Eloisa Vidal: Tecnologias, sim; educação a distância, não

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Eloisa Vidal, doutora em Educação e professora da Uece (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Eloisa Vidal, doutora em Educação e professora da Uece

Com a chegada da pandemia do coronavírus ao Brasil, as medidas de isolamento social adotadas levaram à suspensão das aulas na quase totalidade das escolas de educação básica e nas instituições de ensino superior. Acontecendo no meio de um semestre letivo, a continuidade das atividades didáticas por meio da educação a distância pareceu a solução viável e disponível para continuar as 'aulas'. Essa ideia foi devidamente modelada e divulgada como a solução para a continuidade do ano letivo. E aí começam os problemas.

A solução apontada pode ser denominada de muitos nomes, menos educação a distância. Ensino remoto com uso de tecnologias, ensino online, ensino em plataformas digitais etc. O que se observa nessas iniciativas é um esforço de fazer chegar ao aluno, com uso de recursos tecnológicos, material didático para que ele dê continuidade ao seu ano letivo. Mas existem alguns senões nesse processo, como por exemplo: a) feito às pressas, a quase totalidade não atende aos princípios que fundamentam a educação a distância; b) está sendo preparado por professores que não conhecem nem metodologias nem recursos de educação a distância; c) não estão organizados de forma sistêmica, formando um todo coeso com objetivos claramente definidos, carga horária programada e outros atributos que caracterizam a oferta na modalidade a distância.

Para além de todos esses gargalos que esta oferta claramente apresenta, é importante destacar que os alunos que estão em suas casas não foram preparados para lidar com esse novo modelo de 'aulas', muitas vezes não dispõem ou dispõem de fraca conexão de internet e, mais importante, a grande maioria é estudante de ensino fundamental e médio, na faixa etária de 6 a 17 anos. A educação com uso de tecnologias para alunos dessas faixas etárias - 6 a 10 anos e 11 a 14 anos - exige conhecimentos técnicos e pedagógicos que vão muito além de produzir conteúdo e disponibilizar por alguma ferramenta online. Não é à toa que os estudiosos da educação a distância resistem tanto a introduzir essa modalidade de ensino na educação básica. O ensino médio demanda um tratamento específico, para além das soluções que estão sendo apresentadas e mesmo para o ensino superior, o uso das tecnologias digitais nesse momento está trazendo grandes desafios. 

 

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