Tenho acompanhado de perto o trabalho do Frei Hans no acolhimento de jovens, mulheres e homens que se encontravam em situação de rua e estão sendo abrigados nas Fazendas da Esperança em todo o Brasil, nesse momento de pandemia da Covid-19. Muitas dessas pessoas chegam grávidas e com crianças, em um estado de abandono social agravado pela crise.
Mais de 400 desses moradores que não têm casa para seguir a recomendação de isolamento social físico estão acomodados em áreas adaptadas dessa comunidade de amor ao próximo. Eles estão recebendo abrigo, cama, comida e, o mais importante, como diz o Frei Hans, "a possibilidade de um encontro espiritual com o Cristo Ressuscitado, através dos sacramentos e do carinho de voluntários".
Benfeitores e embaixadores da Esperança têm custeado parte significativa dessas despesas, mas a campanha por doações continua mobilizando quem pode dar apoio, de modo que outros tantos desassistidos recebam também tais cuidados. É fundamental que essas pessoas tenham um lugar onde possam ficar distanciadas dos riscos de transmissão do coronavírus.
Felizmente tem crescido a demonstração de solidariedade nessa circunstância tão adversa, que revela o quanto a nossa sociedade está vulnerável em sua estrutura de extrema desigualdade. Percebe-se na população e em muitas instituições o crescimento do espírito de solidariedade, da vontade de ajudar, de socorrer.
Depois dessa pandemia seremos diferentes. O individualismo, que nos impede de pensar nos demais, certamente perderá algo de sua força no mundo que virá. Como ressalta o Frei Hans, "aumentar o amor é pensar no outro". Cada um está tendo o convite de Deus para assumir uma nova vida.
A Fazenda da Esperança tem sido um exemplo também nesse aspecto da abertura de suas portas para além das suas condições usuais. O trabalho de recuperação de jovens fragilizados pelo consumo de álcool e drogas, que essa entidade faz em vários países do mundo, já seria suficiente para o cumprimento da sua missão. E há muitas maneiras de fazer isso em uma situação emergencial como a de agora. Que sejamos mais e mais solidários!